O desgaste pelo excesso de trabalho é um tema recorrente no mercado, e é visto com preocupação pelas empresas por causar inúmeros problemas nos colaboradores. A síndrome de burnon é uma dessas condições preocupantes.
A síndrome de burnon tem como premissa justamente o trabalho em excesso que leva o profissional a um esgotamento completo, impactando inclusive a sua saúde mental e física, acarretando o desenvolvimento de doenças.
Um levantamento realizado pelo Ministério da Previdência Social revelou que os afastamentos do trabalho ocasionados por problemas de saúde mental aumentaram 38% no ano de 2023, em comparação com 2022.
Diante dessa preocupação recorrente com o esgotamento e a sobrecarga de funcionários, este artigo irá tratar dos perigos da síndrome de burnon e dar dicas de como preveni-la.
Os seguintes tópicos serão abordados:
- O que é síndrome de burnon?
- Como funciona a síndrome de burnon?
- Qual a diferença entre a síndrome de burnon e burnout?
- Quais os sintomas da síndrome de burnon?
- Como prevenir o burnon?
- Qual o papel do RH diante de casos de burnon na empresa?
- Iniciativas da empresa para prevenir a síndrome de burnon
Boa leitura!
O que é síndrome de burnon?
A síndrome de burnon é um termo recente utilizado para descrever uma condição relacionada à saúde mental, originada a partir do excesso de trabalho. Muitos descrevem o burnon como uma depressão mascarada.
Essa condição foi citada inicialmente no livro “Burn-on: Always on the Brink of Burnout”, escrito pelo psiquiatra Timo Schiele, em parceria com o psicoterapeuta, Dr. Bert te Wildt. Em entrevista à DW, Timo Schiele descreveu a síndrome de burnon da seguinte forma:
“Os pacientes estão sempre à beira de um colapso, mas seguem em frente e cultivam, por trás de um sorriso, um tipo diferente de exaustão e depressão”.
Como funciona a síndrome de burnon?
A síndrome de burnon se caracteriza por uma dedicação excessiva, sem descansos, ao trabalho. Essa sobrecarga de atividades acaba levando o profissional à exaustão. Mesmo em estado de esgotamento, esses profissionais não pedem afastamento de suas atividades.
O burnon é muitas vezes confundido com a dedicação ao trabalho, mas essa obsessão por tudo que envolve as atividades profissionais traz consequências à vida pessoal do indivíduo, afetando a sua saúde mental e física.
A síndrome de burnon é reconhecida pela OMS?
Por ser um termo recente e ainda não haver estudos técnicos na comunidade médica internacional, a síndrome de burnon ainda não é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde.
Qual a diferença entre a síndrome de burnon e burnout?
Burnon e burnout se confundem, tanto que o burnon é visto como um “parente próximo” da outra condição. Porém, apesar de serem condições que tem como base a saúde mental, eles possuem diferenças.
O burnout se caracteriza principalmente por um desgaste excessivo, muitas vezes emocional, que leva a pessoa à incapacidade de se dedicar às suas atividades. Irritabilidade e cansaço extremo são alguns dos sintomas do burnout.
A ausência do trabalho recorrente, por meio de faltas e atrasos, podem ser sinais do burnout.
A síndrome de burnon também tem como reflexo o cansaço extremo causado pelo trabalho. No entanto, diferentemente do burnout, em que o profissional precisa se afastar das funções, no burnon ele cria uma paixão excessiva pela sua função e continua trabalhando até o esgotamento crônico.
Falta de tempo para se dedicar a atividades pessoais, isolamento social, depressão mascarada e ansiedade são algumas das características desta síndrome.
Quais os sintomas da síndrome de burnon?
Um indivíduo com burnon pode chegar a um cansaço crônico. Porém, antes desse esgotamento total, alguns sinais já podem ser reflexo de uma condição relacionada à síndrome de burnon. Conheça, a seguir, alguns desses sintomas.
Comorbidades psicológicas
Conhecida como depressão mascarada, a síndrome de burnon pode gerar comorbidades psicológicas crônicas, como crises de ansiedade e pânico. Tudo isso é reflexo de uma cobrança excessiva por resultados e de um perfeccionismo exacerbado.
Esse workaholismo, então, traz danos à saúde mental do profissional, e ele não consegue mais sentir prazer com coisas que não são do trabalho. Ao longo do tempo, o colaborador começa a se sentir desmotivado e infeliz nos âmbitos profissional e pessoal.
Doenças secundárias
A síndrome de burnon afeta a saúde física e mental do indivíduo, desencadeando doenças secundárias. Tudo é reflexo de uma condição de desgaste excessivo e muitas vezes crônico.
Algumas das doenças secundárias que podem se originar a partir da síndrome de burnon são:
- Depressão;
- Insônia;
- Doenças cardiovasculares;
- Doenças de pele;
- Obesidade;
- Transtornos de ansiedade;
- Problemas intestinais;
- Crises de pânico.
Fenômenos psicossomáticos
Os fenômenos psicossomáticos são aqueles em que condições emocionais acabam impactando o desenvolvimento de sintomas físicos. E a síndrome de burnon é uma das doenças que podem gerar esses fenômenos.
Como no burnon o colaborador se dedica completamente ao trabalho, até a exaustão, ele acaba não identificando possíveis problemas físicos aparentes. Contudo, sua saúde mental futuramente irá desenvolver doenças originadas pela pressão emocional.
Por exemplo, é normal que uma pessoa com burnon sinta dores de cabeça de forma recorrente, crises de gastrite, ansiedade extrema, dermatites e outros problemas que se originam pelo desequilíbrio da saúde mental devido ao excesso de trabalho.
Como prevenir o burnon?
É possível prevenir a síndrome de burnon! Em um mercado de trabalho exigente, que cobra resultados imediatos, é normal que os funcionários se sintam pressionados em suas funções. Contudo, é necessário equilibrar a vida pessoal e profissional.
Isso significa que o profissional não deve viver 100% do tempo dedicado ao trabalho. É fundamental reservar períodos para cuidar da saúde mental e emocional, com atividades desestressantes, fora do ambiente de trabalho, e que ofereçam uma sensação de relaxamento.
Portanto, algumas atitudes podem resguardar um profissional da síndrome de burnon:
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter uma alimentação saudável;
- Ter uma boa qualidade de sono;
- Gerir o estresse, com atividades pessoais — ir ao cinema, ler, meditar;
- Fazer terapia regularmente.
E como tratar o burnon?
A síndrome de burnon deve obedecer um tratamento individualizado, que pode contar com a ajuda de profissionais de áreas distintas da saúde. Cada profissional ajudará quem sofre da síndrome a valorizar mais o autocuidado.
Várias frentes são importantes neste processo de tratamento, até que o indivíduo consiga ter as ferramentas necessárias para alcançar o equilíbrio mental e físico e lide bem com a síndrome ao longo do tempo, evitando um cenário de trabalho excessivo.
A terapia é uma boa alternativa para identificar os próprios comportamentos e refletir sobre o que é possível mudar, recebendo de um terapeuta as ferramentas necessárias para lidar com o estresse e a ansiedade.
Em alguns casos, medicamentos prescritos por um psiquiatra também podem ser um bom suporte neste processo, aliviando os sintomas.
A mudança do estilo de vida é outra atitude importante para tratar a síndrome de burnon, que pode começar pela prática regular de exercícios físicos e por uma dieta balanceada, que ajudam a alcançar um bem-estar físico e mental ao longo do tempo.
Qual o papel do RH diante de casos de burnon na empresa?
O RH tem um papel importante na empresa para prevenir a síndrome de burnon entre os funcionários e para dar suporte àqueles que precisam lidar com esse problema.
Os primeiros passos que um RH deve dar para mitigar o problema são identificar possíveis funcionários com burnon e estabelecer limites que evitem demandas de trabalho excessivas para eles. O setor pode ainda fornecer recursos direcionados à ajuda psicológica, até como forma de prevenção.
O RH pode ainda manter um diálogo aberto com os funcionários e incentivar os líderes para que estes estimulem os colaboradores a fazerem momentos de descanso, para não ficarem sobrecarregados de atividades diariamente.
Iniciativas da empresa para prevenir a síndrome de burnon
Todas as empresas estão passíveis de ter funcionários com estresse e sobrecarga de trabalho em algum momento, a partir das demandas que vão surgindo. Entretanto, é essencial desenvolver iniciativas para resguardar a empresa da síndrome de burnon.
Algumas das estratégias que a empresa pode adotar para evitar que os funcionários sofram com essa síndrome são:
- Criar campanhas de conscientização, mostrando os reflexos do excesso de trabalho;
- Ser flexível quanto a horários e modelos de trabalho;
- Desenvolver uma cultura de feedback, dando abertura para a opinião dos colaboradores;
- Promover ações de bem-estar, como ginástica laboral, hora zen, etc.;
- Avaliar prazos e metas, evitando sobrecarregar as equipes;
- Valorizar o funcionário, com um bom salário e um bom pacote de benefícios;
- Oferecer um suporte psicológico de forma individualizada para os funcionários.
Conclusão
Prezar pela boa saúde mental e física dos funcionários é um item essencial para ter uma equipe engajada e produtiva. Este conteúdo mostrou que muitas síndromes podem comprometer os resultados organizacionais, sobretudo a síndrome de burnon.
Isso porque um funcionário com burnon se vê cada vez mais sobrecarregado e, por não parar o trabalho, acaba sofrendo com problemas de ordem mental e física. Isso desencadeia doenças secundárias e comorbidades psicológicas.
Devido aos perigos da síndrome de burnon, o RH deve estar sempre atento às realidades individuais de cada funcionário e promover ações que evitem o trabalho excessivo, focando, assim, o bem-estar mental e físico de seus profissionais.
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