Semana de 4 dias de trabalho: como funciona e os benefícios!
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Time Pontotel 8 de agosto de 2024 Departamento Pessoal

Semana de 4 dias de trabalho: conheça empresas e países que já adotam esse modelo de jornada e tudo sobre o assunto!

Semana de 4 dias de trabalho: como surgiu, seus impactos ambientais, sociais e corporativos e os benefícios para o trabalhador e a empresa!

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A ideia de uma semana de 4 dias de trabalho pode parecer estranha a princípio. Isso ocorre porque, em meados da década de 20, a montadora estadunidense Ford instituiu que os seus funcionários trabalhassem 5 dias na semana. Logo, ele acabou criando tendência. 

A ideia da Ford, na teoria, era aumentar a produtividade e reduzir o absenteísmo ao oferecer aos funcionários dois dias de descanso semanais. Com isso, a eficácia do trabalho também aumentaria por conta dos índices de felicidade mapeados. 

Na prática, existem diferenças consideráveis entre as duas modalidades. Porém, como tudo o que é novo, a semana de 4 dias de trabalho traz consigo alguns questionamentos. 

Como a equipe vai dar conta da demanda de trabalho? Ela está dentro da lei? A empresa cortará parte do pagamento dos colaboradores? Como fica a produtividade?

E por falar em produtividade, muitas vezes ela é associada ao número de horas trabalhadas pelo colaborador. Contudo, para ser produtivo, o que o profissional necessita é de uma liderança que tenha o seu bem-estar como foco.

E o que a semana de 4 dias tem a ver com bem-estar? Continue lendo para saber a resposta! 

Boa leitura!

Como surgiu a semana de 4 dias de trabalho?

A semana de 4 dias de trabalho já é uma tendência em pauta há bastante tempo. O assunto é amplamente debatido entre organizações não-governamentais e agências focadas em melhorias e bem-estar para os colaboradores em geral. 

No entanto, foi com a pandemia do COVID-19 que o assunto realmente entrou em evidência. Nesse período, os colaboradores e a liderança foram obrigados a permanecer em casa por conta do isolamento social.

Logo, o isolamento trouxe reflexões e questionamentos sobre alguns pontos importantes no que diz respeito à dinâmica do trabalho: 

  • A produtividade estaria mesmo conectada ao número de horas trabalhadas?
  • Qual seria o impacto ambiental de milhões de veículos fora das ruas nesse período?
  • Houve alguma economia em termos de contas de energia elétrica, água e outros insumos?
  • Estar no escritório realmente significa estar trabalhando? 

Esses mesmos pontos já eram debatidos muito antes da pandemia. O empresário e filantropo Andrew Barnes, em seu Ted Talk intitulado “The 4 Day Week”, fala sobre produtividade. 

Ele diz que “os britânicos são produtivos apenas durante duas horas e meia do dia”. Para os canadenses, o número é ainda menor: uma hora e meia. Portanto, reduzir o número de dias trabalhados em troca de maior foco e produtividade seria uma boa barganha, segundo ele. 

Barnes é o fundador da Perpetual Guardian, uma empresa neozelandesa do ramo de gestão patrimonial. Em 2018, a empresa lançou um projeto piloto com o objetivo de implementar a semana de 4 dias. O projeto é um sucesso desde então. Porém, a Nova Zelândia não foi o único país a aderir à semana de 4 dias.  

Quais os principais países que aderiram à semana de 4 dias?

imagem de um homem sentado olhando para um globo da terra

Os principais países que aderiram à semana de 4 dias são, em sua maioria, países europeus. Lugares como a Dinamarca, a França, a Espanha e até mesmo o Reino Unido estão entre os maiores entusiastas do encurtamento da semana. 

Mas, foi na Islândia que a nova tendência encontrou seu maior adepto. Entre os anos de 2015 e 2019, o país conduziu um experimento nacional com a intenção de provar seu ponto. Para isso, 1% da população passou a trabalhar em escala 4×3

O experimento resultou em alguns pontos consideráveis, tal como os sindicatos negociarem para que a redução das horas trabalhadas fosse permanente após o término do experimento. No entanto, sem prejuízo nos salários. 

Além do sucesso na Europa, a semana de 4 dias cruzou as fronteiras. Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, foram o primeiro país a estabelecer a semana de 4 dias em escala institucional. Isso significa que as entidades governamentais e até o banco central aderiram à essa nova realidade. 

Apesar dos dados globais apresentados, não foram apenas países que aderiram à semana de 4 dias. Muitas empresas privadas escolheram implementar essa nova modalidade. 

E as principais empresas? 

Além da Perpetual Guardian, outras empresas passaram a ter uma jornada semanal de 4 dias. Sua conterrânea neozelandesa, a Unilever, foi uma delas. Em 2020, a empresa iniciou um experimento com duração de 1 ano para avaliar os resultados da implementação. 

E não para por aí: a rede de fast food norte-americana, Shake Shack, iniciou uma redução da jornada de trabalho para 32 horas semanais em 2020. O experimento manteve os salários intactos e englobou um terço das filiais da rede. 

Caminhando na mesma direção, a Microsoft Japão conduziu um experimento da semana de 4 dias em 2019. Ele ocorreu durante o mês de agosto e resultou em um aumento de 40% na produtividade dos funcionários contemplados. 

Ainda no Japão, a gigante tecnológica Panasonic anunciou a oferta da jornada de trabalho de 4 dias para funcionários interessados. 

A semana de 4 dias tem algum impacto no salário do colaborador? 

Não. Um dos principais objetivos da semana de 4 dias é o de assegurar o bem-estar do colaborador. Logo, a redução salarial não contribuiria para incentivar o funcionário a aderir a essa nova modalidade de trabalho de forma positiva. 

A manutenção do salário dos trabalhadores foi, inclusive, um dos pontos-chave levantados por Andrew Barnes ao integrar a semana de 4 dias em sua empresa Perpetual Guardian. Assim como na Islândia, durante o período de 4 anos para sua implementação nacional. 

Como funciona a semana de 4 dias de trabalho na prática? 

Depende da empresa. Existe uma tendência a se trabalhar de segunda à quinta, tendo a sexta-feira incorporada ao final de semana. Nessa modalidade, a prática da hora extra para compensar o dia de folga adicional geralmente não ocorre. Ou seja, trabalham-se 32 horas semanais. 

Outras empresas, como a agência digital Versa, optaram por oferecer a quarta-feira como dia de folga aos colaboradores. O movimento ficou conhecido como No Work Wednesday, e já tem adesão de outras companhias ao redor do mundo, sobretudo na Austrália. 

É o caso de outra agência digital, a Redback Solutions, que também implementou o programa de folgas às quartas-feiras. A decisão pela semana de 4 dias foi pautada ao perceber que os colaboradores se sentiam mais fatigados à medida que a semana chegava ao fim. 

Quais os impactos na saúde mental do colaborador? 

imagem de uma mulher se espreguiçando na frente de uma janela

Os impactos na saúde mental do colaborador giram em torno do conceito de wellbeing, ou seja, o bem-estar corporativo. O funcionário trabalha mais animado ao sentir empatia por parte de seus empregadores, oferecendo maior produtividade à empresa. 

Além disso, poder passar mais tempo com a família e ter tempo para lazer e atividades prazerosas também são benefícios para uma vida mais saudável. Na Islândia, os trabalhadores reportaram redução do estresse e do risco de esgotamento (síndrome de burnout). 

No entanto, os benefícios não ficam apenas restritos à saúde mental dos trabalhadores. Existem outras áreas impactadas, como a social e a ambiental, como você verá a seguir. 

Principais benefícios da semana de 4 dias

A semana de 4 dias surge como uma alternativa às rotinas estressantes e ao acúmulo de trabalho para as empresas. Ao desligar-se por um dia a mais, o colaborador desfruta de uma recarga emocional e física que possibilita melhor desempenho no seu retorno. 

Somando ao desempenho, existem outras áreas contempladas pelos benefícios da semana de 4 dias. Aqui, elas estão divididas entre ambiental, social e corporativa. 

Impactos na área ambiental 

Com a redução de veículos circulando durante o dia extra de folga, houve uma queda na pegada de carbono produzida. Um estudo conduzido pelo Reino Unido em 2021 mostra que a semana de 4 dias é responsável pela diminuição de 21% da emissão de carbono. 

Isso seria equivalente a remover toda a frota de carros particulares das ruas (o equivalente a 27 milhões de carros). O estudo também mostra que essa manobra ajudaria o país a atingir suas metas climáticas estabelecidas. 

Impactos na área social 

Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Tecnologia de Auckland mostra um aumento de 24% no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional do trabalhador. Isso significa que o colaborador pode ampliar suas redes de relacionamento e desfrutar delas de forma mais significativa. 

Outro ponto a se considerar é a responsabilidade compartilhada dos cuidados com a família. Com a semana de 4 dias, pais e cuidadores têm mais tempo para dedicar às atividades parentais e para usufruir de tempo de qualidade com suas crianças. 

Impactos na área corporativa 

Como não poderia deixar de ser, o setor corporativo também lucra com a semana de 4 dias. Primeiro, as empresas relataram um aumento de 18% no índice de engajamento do funcionário no quadro comparativo entre 2017 e 2021. 

Além disso, houve também redução nos índices de absenteísmo, maior comprometimento com os prazos e entregas e melhora nas relações interpessoais e de equipe. 

A organização não-governamental 4 Day Week também apresentou dados importantes: 

  • 63% dos negócios tiveram facilidade para atrair e reter talentos por conta da oferta da semana de 4 dias;
  • 78% dos funcionários se sentem mais felizes e relatam menos estresse relacionado ao trabalho. 

Até o momento, os benefícios e mudanças apresentadas fazem parte do escopo internacional de trabalho. E no Brasil, a semana de 4 dias foi um sucesso? Saiba mais a seguir! 

Como funciona a jornada semanal de 4 dias no Brasil?

Em 2020, a Zee.Dog, empresa de artigos para pets, adotou a quarta-feira como dia de folga e desde então, relatou um aumento na produtividade de 20%. 

Outra empresa a incorporar a prática em sua rotina foi a Crawly, uma startup de extração de dados de Minas Gerais. A única diferença é que a semana de 4 dias já existe desde que a empresa abriu suas portas em 2017. 

Pedro Naroga, CTO da empresa, conta que ao estender o fim de semana para três dias, o recebimento de currículos e ofertas foi muito grande. Outro ponto é a diminuição drástica do turnover e da rotatividade de funcionários. “Muito raro alguém pedir pra sair”, ele comenta. 

Mais recentemente, a jornada semanal de 4 dias está sendo testada por diversas empresas, proposta pela “4 Day Week Brazil” em parceria com a “4 Day Week Global”, o projeto busca reduzir o expediente sem alterar os salários, visando melhorar a produtividade e o bem-estar dos funcionários.

Mais de 20 empresas brasileiras, como Hospital Indianópolis, Editora Mol e Thanks for Sharing, estão participando do experimento. Após três meses de preparação, a fase de testes começou em janeiro de 2024, com resultados promissores. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 61,5% das empresas notaram avanços na execução de projetos, e 58,5% relataram um aumento na criatividade.

Os benefícios não se limitaram ao ambiente de trabalho. Cerca de 58% dos funcionários conseguiram conciliar melhor a vida pessoal e profissional, houve um aumento de 78% na disposição para momentos de lazer, e reduções nos sintomas de insônia (50%) e estresse no trabalho (62,7%). Além disso, 64,9% dos participantes não se sentem desgastados no final do dia, e 56,5% não se frustram como antes.

Eduardo Hagiwara, diretor do Hospital Indianópolis, notou uma diminuição significativa nas faltas e atrasos, enquanto Simone Cyrineu, da Thanks for Sharing, observou que os funcionários estão mais engajados e utilizam o dia de folga para descanso e resolver pendências pessoais.

O experimento foi concluído em junho, com a publicação de um relatório final detalhando os resultados alcançados.

Considerando a legislação brasileira, como fica a semana de 4 dias no país? 

Existe algum impedimento legal? 

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não existe impedimento legal para a adoção da semana de 4 dias. A lei diz que existe um teto, o de 44 horas semanais trabalhadas. Se o empregador quiser oferecer menos, é possível. 

No entanto, é preciso ter atenção com igualdade e justiça. O valor das horas trabalhadas precisa ser o mesmo para todos os colaboradores. Além disso, é preciso manter os valores pagos do 13º e das férias remuneradas, sem nenhum prejuízo ao trabalhador. 

Conclusão

Como disse Andrew Barnes, CEO da Perpetual Guardian: “estamos presos em um modelo de trabalho do século XIX. Porém, estamos no século XXI”. Isso significa que não é possível lidar com demandas do presente utilizando métodos do passado. É preciso evoluir. 

Essa evolução vem quando o colaborador é o centro das mudanças e das melhorias na empresa. Ao valorizar seu capital humano, o setor corporativo tem resultados imediatos e significativos, como o aumento da produtividade e do lucro. 

E não somente isso: a sociedade, como um todo, ganha com a semana de 4 dias. Famílias podem ter mais tempo de qualidade e relacionamentos são solidificados. 

Quando o colaborador sente que a sua rotina não é desgastante e entrega seu potencial máximo no trabalho, todos ganham. Portanto, a implementação da semana de 4 dias é uma tendência que ganhará cada vez mais adeptos ao redor do mundo. 

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