Mesmo considerado crime no país, o racismo continua sendo um problema presente no Brasil, inclusive no ambiente de trabalho, influenciando negativamente o clima da empresa. Por isso, é essencial promover um RH antirracista para combater desigualdades, promover a inclusão e conscientizar os colaboradores sobre o tema.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Trilhas de Impacto, nos anos de 2021 e 2022, revelou que 86% das mulheres pretas já foram vítimas de racismo no ambiente de trabalho, e mais de 90% relataram impactos negativos na saúde mental devido a essa discriminação, o que demonstra a necessidade de combater essa realidade no ambiente de trabalho.
Promover um RH antirracista é uma forma de construir um ambiente de trabalho mais inclusivo e saudável, garantindo respeito e igualdade de oportunidades.
Neste artigo, será possível compreender com detalhes o assunto e como criar um RH voltado para práticas contra o racismo por meio dos seguintes tópicos:
- O que é um RH antirracista?
- Por que é urgente combater o racismo no ambiente de trabalho?
- Como o RH pode atuar como agente de mudança na promoção de uma cultura corporativa inclusiva?
- Aliando práticas antirracistas às políticas de ESG e ao compliance
Tenha uma boa leitura e aprendizado!
O que é um RH antirracista?
Um RH antirracista é caracterizado como aquele que adota práticas e políticas para combater o racismo de forma prática no ambiente de trabalho, promovendo a diversidade, a inclusão, a equidade e o pertencimento (DEIB).
Um setor de Recursos Humanos que deseja aplicar politicas antirracistas começa com a implementação de ações proativas para garantir que todos os colaboradores, independentemente de sua cor ou origem, tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional e possam se sentir seguros.
Entre as ações que um RH antirracista pode promover, estão:
- Programas de capacitação e sensibilização sobre o racismo;
- Recrutamento afirmativo para aumentar a diversidade racial;
- Treinamentos para lideranças sobre práticas antirracistas;
- Canais seguros para denúncias e medidas disciplinares.
Além disso, um RH antirracista atua para criar um ambiente seguro e acolhedor, no qual as pessoas se sintam valorizadas e respeitadas. Ele também se compromete a identificar e corrigir possíveis práticas e comportamentos discriminatórios, promovendo uma cultura de respeito e empatia.
Qual é o contexto do racismo no ambiente de trabalho?
O racismo é a principal discriminação no ambiente de trabalho. De acordo com um estudo da empresa CEGOS, especializada em treinamento e desenvolvimento, o racismo é o tipo de discriminação mais comum, em três a cada quatro empresas brasileiras.
A história do Brasil é marcada por desigualdades raciais que remontam à colonização e à escravidão, o que contribuiu para a perpetuação de estereótipos e preconceitos até os dias atuais.
Essa herança histórica reflete-se no mercado de trabalho, em que pessoas pretas frequentemente enfrentam barreiras sociais para acessar oportunidades de emprego, promoções e remuneração justa.
Por que é urgente combater o racismo no ambiente de trabalho?
O racismo, além de configurar crime inafiançável no Brasil, causa prejuízos significativos tanto para os indivíduos quanto para as organizações.
Ele afeta a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores, gerando um ambiente de trabalho tóxico.
Além disso, a exclusão de talentos diversos limita a inovação e a criatividade, fundamentais para a competitividade das empresas no mercado.
Combater o racismo é, portanto, uma questão de justiça social e uma estratégia inteligente. Essa luta traz uma perspectiva de mudança para uma realidade injusta, na qual 67% dos profissionais negros sentem que perderam uma vaga de emprego apenas por conta de sua cor, segundo dados da Consultoria Etnus.
Lara Avelino, analista de RH e psicóloga organizacional, ressalta a importância de um ambiente de trabalho acolhedor: “Precisamos criar espaços confortáveis, seguros e inclusivos, e é fundamental que todos trabalhemos juntos para alcançar essa realidade.”.
A visão da profissional destaca que a responsabilidade de combater o racismo não é apenas dos líderes, mas de todos os funcionários.
Cultura antirracista: dicas de como promover!
A construção de uma cultura antirracista na empresa exige a adoção de medidas específicas para criar um ambiente respeitoso e igualitário, com esforço coletivo de toda a corporação.
Para que as políticas antirracistas sejam efetivas, é importante torná-las acessíveis a todos os membros da empresa, o que envolve comunicar claramente as iniciativas em andamento e garantir que todos entendam sua importância.
Além disso, oferecer programas de capacitação que abordem diversidade e inclusão ajuda a disseminar conhecimento sobre o racismo e suas consequências.
Como o RH pode atuar como agente de mudança na promoção de uma cultura corporativa inclusiva?
O RH é um dos agentes mais importantes para propagar uma cultura antirracista na empresa. Isso porque a maioria das atividades relacionadas à diversidade e inclusão passa por suas práticas e políticas.
A seguir, estão elencadas as principais ações que podem ser realizadas pelo setor!
Grupos de discussão
A criação de grupos de discussão sobre diversidade e inclusão permite que colaboradores compartilhem experiências,perspectivas e é uma ótima estratégia a ser adotada.
Esses espaços promovem a empatia e o entendimento sobre as vivências de diferentes grupos, contribuindo para um ambiente mais acolhedor, além de integrar melhor os funcionários.
Contratações afirmativas
Embora o Brasil não tenha uma lei específica que obrigue as empresas a adotarem políticas de vagas afirmativas, não existe impedimento legal para sua implementação; portanto, contratação afirmativa é uma ótima ação para promover uma cultura inclusiva.
A Lei 12.888/10, que estabelece o Estatuto da Igualdade Racial, menciona em seus artigos 2º, 3º e 39 a importância de garantir direitos e oportunidades iguais, destacando que as empresas podem e devem se comprometer com a inclusão de pessoas negras e de grupos sub-representados.
Programas de educação e sensibilização
Investir em programas de educação e sensibilização sobre racismo é uma prática útil para o RH que quer construir uma cultura antirracista.
Para isso, podem ser realizados workshops que explorem a história do racismo no Brasil, palestras com especialistas sobre suas consequências, e treinamentos práticos que abordem como identificar e combater atitudes racistas.
Metas de contratação e promoção de pessoas negras
O RH pode realizar um levantamento da representatividade racial na organização, medindo a porcentagem de colaboradores de diferentes grupos raciais para criar metas de contratação e promoção de pessoas negras.
Com esses dados em mãos, o setor pode definir metas específicas e realistas que visem aumentar a diversidade racial.
Comunicação aberta, inclusiva e antirracista
Promover uma comunicação aberta e inclusiva permite que todos os colaboradores se sintam seguros para expressar suas opiniões e preocupações.
O RH deve adotar uma linguagem respeitosa e incentivar diálogos sobre questões raciais, dando voz especialmente a membros dos grupos representados, que possuem experiências e conhecimentos relevantes para enriquecer a discussão.
Espaços seguros para denunciar o racismo
Estabelecer canais seguros e confidenciais para denúncias de racismo é uma medida fundamental. É importante permitir que os colaboradores escolham entre fazer denúncias anônimas ou identificadas, garantindo a possibilidade de acompanhamento dos casos.
Para que essa iniciativa tenha eficácia, é essencial que as denúncias sejam tratadas e retornem com um parecer para o denunciante.
Comitê de diversidade racial
Formar um comitê de diversidade racial pode ser uma boa estratégia para liderar iniciativas antirracistas dentro da empresa. Com representantes de diferentes grupos, esse comitê deve monitorar e promover ações que favoreçam a inclusão racial.
Aliando práticas antirracistas às políticas de ESG e ao compliance
As políticas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) e compliance são importantes na luta contra o racismo nas empresas.
A governança deve garantir o compromisso da alta administração com a igualdade racial, implementando políticas que reflitam essa intenção.
Por sua vez, o compliance assegura que a empresa cumpra as leis que proíbem a discriminação, estabelecendo canais seguros para denúncias de comportamentos racistas.
Esse avanço só é viável quando há um engajamento genuíno e a integração de toda a organização em prol da inclusão e da justiça social.
Conclusão
Por fim, foi possível perceber que a construção de um RH antirracista é um processo importante para promover a inclusão e a equidade nas organizações.
Com a implementação de práticas que favorecem a diversidade, como contratações afirmativas e programas de capacitação, o RH pode atuar como um agente transformador.
Além disso, é fundamental que as políticas de ESG e compliance estejam alinhadas às ações antirracistas, garantindo que a igualdade racial seja uma prioridade na governança da empresa.
Foi possível notar, ainda, que o combate ao racismo vai além de uma obrigação legal; trata-se de um imperativo moral que fortalece a cultura organizacional e contribui para uma sociedade mais justa e igualitária.
Seguindo as dicas apresentadas neste conteúdo, seu RH estará preparado para desenvolver uma cultura inclusiva, criar ambientes de trabalho respeitosos e engajar todos os colaboradores no combate ao racismo.
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