A existência de relações tóxicas no trabalho afeta a saúde mental, o bem-estar e até o comportamento dos funcionários fora da organização. Os resultados desse cenário podem incluir desde a queda no desempenho dos colaboradores e o aumento do turnover até a diminuição da receita.
Isso mostra que a toxicidade no ambiente de trabalho pode prejudicar a produtividade da empresa, a satisfação dos clientes e a reputação da marca. Por esse motivo, a organização precisa adotar estratégias que combatam e previnam esse problema.
Este artigo explicará como identificar um ambiente de trabalho tóxico e como o setor de Recursos Humanos (RH) pode ajudar a prevenir esse problema. Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:
- O que são relações tóxicas?
- Como as relações tóxicas no trabalho podem afetar a saúde mental dos colaboradores?
- Sinais de uma relação tóxica no trabalho
- Quais estratégias o RH pode criar para evitar relações tóxicas no trabalho?
Boa leitura!
O que são relações tóxicas?
As relações tóxicas são interações interpessoais que afetam negativamente a saúde mental e emocional das pessoas envolvidas. Elas são marcadas por comportamentos que causam estresse, insegurança e desgaste psicológico.
Essas relações podem surgir em diversos contextos, como família, amizades e, especialmente, ambiente de trabalho. No contexto profissional, elas costumam ocorrer em locais onde o clima organizacional é dominado por competitividade desleal, falta de apoio e atitudes abusivas.
Como as relações tóxicas no trabalho podem afetar a saúde mental dos colaboradores?
As relações tóxicas no ambiente de trabalho podem ter um impacto devastador na saúde mental dos colaboradores. Isso porque os profissionais passam a maior parte do dia no trabalho e, se esse ambiente é tóxico, eles são expostos constantemente a situações de conflito, desrespeito e incerteza.
Esse cenário gera altos níveis de estresse e pressão negativa. Segundo um estudo publicado no Journal of Occupational Health Psychology, esse quadro pode causar o desenvolvimento de problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e burnout.
Além das questões mentais, a exposição contínua a relações tóxicas no trabalho também pode causar problemas físicos, como dores de cabeça e insônia. Alguns colaboradores podem até recorrer ao uso de álcool ou outras substâncias para lidar com o estresse na empresa.
O estresse e a exaustão causados por um ambiente tóxico ainda dificultam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, afetando os relacionamentos familiares e sociais do trabalhador.
Para as empresas, as consequências desse cenário incluem a queda da produtividade e o aumento da rotatividade de funcionários. Vale lembrar que um ambiente de trabalho tóxico pode também prejudicar a imagem da empresa, dificultando a atração e retenção de talentos.
Sinais de uma relação tóxica no trabalho
O primeiro passo para evitar relações tóxicas no trabalho é identificar os sinais desse problema. Dessa forma, é possível definir estratégias para proteger a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores. Confira alguns dos sinais mais comuns de um ambiente de trabalho tóxico.
Comunicação ineficaz
Um dos principais sinais de um ambiente tóxico é a falta de transparência. Isso significa que as informações mais importantes sobre a empresa são omitidas ou compartilhadas de forma seletiva. Nesse contexto, a comunicação tende a ser confusa e insuficiente.
Além disso, ela pode ser marcada por abordagens passivo-agressivas, críticas constantes, julgamentos e sarcasmo — fatores que geram hostilidade e desmotivação. Esse quadro ainda pode ser caracterizado pela falta de feedback construtivo, que também aumenta a insegurança dos colaboradores.
Microgerenciamento da gestão
O microgerenciamento é um tipo de gestão em que os líderes e gestores têm uma necessidade de controle excessivo sobre o trabalho dos funcionários, o que sugere uma falta de confiança na equipe.
Isso desmotiva os profissionais, que se sentem incapazes de tomar decisões e exercer suas habilidades com autonomia. Essa abordagem também pode causar ansiedade e estresse nos trabalhadores, já que eles têm a sensação constante de que estão sob vigilância e que precisam justificar cada ação na empresa.
Fofocas
Ambientes onde as fofocas são frequentes geralmente refletem uma falta de conexão e respeito entre os colegas. Esses problemas criam as condições ideais para que comentários maldosos e competitividade excessiva se tornem comuns no local de trabalho.
Isso prejudica a harmonia da equipe e o bem-estar dos colaboradores, inclusive daqueles que não são alvo direto das fofocas. Além disso, gera um clima de desconfiança e rivalidade que pode dificultar o entrosamento do time e até desencadear problemas de saúde mental, como a fobia social.
Assédio
O assédio moral ou sexual é um dos sinais mais evidentes de um ambiente de trabalho tóxico. Ele é caracterizado por diversos comportamentos problemáticos, como prática de bullying, discriminação, abuso de poder e humilhações.
Essas atitudes geram uma atmosfera de medo e sofrimento, prejudicando a saúde mental dos funcionários e o clima organizacional. Além disso, elas podem trazer problemas jurídicos para a empresa, que corre o risco de ser processada por colaboradores vítimas de assédio.
Desrespeito aos limites
Outro sinal de relações tóxicas no trabalho é o desrespeito aos limites dos colaboradores. Em um ambiente tóxico, espera-se que os funcionários estejam sempre disponíveis para atender às demandas da empresa.
Isso pode resultar em funcionários sobrecarregados ou que são constantemente contatados após o expediente para atender a demandas fora do horário de trabalho. Essa prática aumenta o risco de esgotamento dos colaboradores e pode gerar passivos trabalhistas para a empresa.
Para Cristina Pereira, coordenadora de operações na Comunitive, isso mostra que a organização precisa adotar medidas que impedem líderes e gestores de entrarem em contato com os funcionários após o fim do expediente para tratar de assuntos de trabalho.
“Não adianta o RH e a gestão dizerem que não se trabalha fora do horário, se houver um gestor ou colega enviando mensagens fora do expediente, especialmente em canais não oficiais como Instagram ou WhatsApp. Isso impede que a pessoa relaxe e gera grande ansiedade”, completa Cristina.
Quais estratégias o RH pode criar para evitar relações tóxicas no trabalho?
O RH pode adotar várias estratégias para promover um clima organizacional mais saudável e evitar relações tóxicas no trabalho. Confira a seguir três medidas que o setor pode implementar para alcançar esses objetivos:
Pesquisas de clima organizacional anônimas
Aplicar pesquisas de clima organizacional é uma estratégia eficiente para coletar um feedback honesto dos funcionários sobre o ambiente de trabalho. Porém, o RH precisa garantir o anonimato dos colaboradores para que eles se sintam seguros para compartilhar suas experiências e opiniões sinceras, sem medo de retaliações.
Os resultados desse estudo permitem que o setor identifique padrões de comportamentos prejudiciais ao bem-estar da equipe. Assim, o RH pode definir e implementar melhorias para solucionar problemas que podem estimular comportamentos tóxicos.
Cultura de feedback
Criar uma cultura de feedback é outra estratégia importante para construir um ambiente de trabalho saudável. Essa cultura é caracterizada pela promoção de uma comunicação aberta e transparente entre os funcionários.
Isso contribui para a melhoria contínua das equipes e mostra que a empresa valoriza o desenvolvimento dos colaboradores. Para Cristina Pereira, criar essa cultura é essencial para combater a toxicidade no ambiente de trabalho.
“Se o colaborador não tem abertura para pedir um dia extra ou para reclamar de algo que não está funcionando, isso se torna um problema. A abertura para feedbacks, positivos ou negativos, é essencial para um ambiente saudável”, explica a coordenadora.
Criar ações para o bem-estar dos colaboradores
Investir em ações que promovam o bem-estar físico e mental dos colaboradores é uma das estratégias mais eficientes para combater a toxicidade na empresa. Essas ações podem incluir a organização de programas de saúde mental, a adoção de jornada flexível, entre outras medidas.
Thiago Liguori, médico e diretor de saúde da Pipo Saúde, lembra que essas ações exigem investimento e tempo. Embora não gerem resultados imediatos, essas medidas acarretam impactos importantes em longo prazo.
“O impacto é significativo. Grandes empresas no Brasil, como o Boticário, têm uma atuação forte em saúde, incluindo saúde mental, saúde das crianças, gestão de doenças crônicas, e times multiprofissionais. Quando uma empresa se propõe a fazer um trabalho de saúde sério e comprometido, o resultado aparece. Temos vários cases sólidos no Brasil”, completa Thiago.
Conclusão
As relações tóxicas no trabalho são caracterizadas por comportamentos que geram estresse, desmotivação e baixa satisfação com o trabalho. Por isso, elas comprometem o bem-estar e a produtividade dos colaboradores.
Para identificar se o ambiente é tóxico, basta observar a existência de alguns sinais, como comunicação ineficaz, microgerenciamento, fofocas e falta de respeito pelos limites dos funcionários.
A exposição contínua a esse ambiente pode causar problemas de saúde mental e física nos colaboradores, afetando seu desempenho dentro e fora da organização. Para prevenir esses problemas, o RH pode adotar práticas estratégicas que incentivem um clima organizacional saudável.
Essas práticas incluem estabelecer uma cultura de feedback e adotar ações voltadas para o bem-estar dos colaboradores. Assim, o RH consegue combater e evitar o desenvolvimento de uma cultura tóxica e um ambiente de trabalho que dificulta a gestão de talentos na empresa.
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