Nos últimos anos, o conceito de trabalho multifuncional, ou polywork, tem ganhado força como uma tendência que permite aos profissionais diversificarem suas atividades e fontes de renda.
A globalização, as crises econômicas e o avanço das tecnologias digitais criaram novas formas de trabalhar e desenvolver uma carreira. Um dos principais fenômenos que emergiram desse contexto é o polywork.
Esse conceito, que incentiva a atuação em diversas funções e projetos simultaneamente, tem sido amplamente adotado por profissionais que buscam maior flexibilidade, autonomia e múltiplas fontes de renda.
Este artigo explora o que é o polywork e como ele está moldando o futuro das carreiras no país.
Para aprofundamento, o texto contará com os tópicos a seguir:
- O que é polywork?
- O polywork é uma nova abordagem de carreira?
- Por que esse fenômeno é tão popular na Geração Z?
- Quais são os impactos positivos do polywork nas empresas?
- Como o RH pode se adaptar a essa tendência?
Boa leitura!
O que é polywork?
O polywork, ou carreira multifuncional, é um modelo de trabalho que desafia o conceito tradicional de carreira linear.
Nesse novo paradigma, os profissionais não se limitam a uma única função ou campo de atuação.
Em vez disso, eles se envolvem em diversos projetos e tarefas ao mesmo tempo, muitas vezes em áreas diferentes. Isso permite que os profissionais adquiram habilidades múltiplas, ampliem sua rede de contatos e diversifiquem suas fontes de renda.
A evolução do trabalho tradicional para o polywork
No passado, o modelo de trabalho convencional era pautado por carreiras estáveis e lineares, com um claro plano de progressão. Um profissional começava sua jornada em um cargo júnior e, ao longo dos anos, buscava promoções dentro da mesma empresa ou setor.
Com a chegada da era digital, essa realidade mudou.
Hoje, é possível observar o surgimento de formas de trabalho mais flexíveis, como o freelancer, o trabalho remoto e, mais recentemente, o polywork.
A flexibilidade proporcionada por essa nova forma de atuar é uma das suas maiores vantagens.
Em vez de estarem presos a um contrato de trabalho exclusivo, os profissionais podem atuar em múltiplos projetos, atendendo a diferentes demandas do mercado.
O que influencia essa mudança?
A adoção do polywork não acontece em um vácuo.
Diversos fatores globais influenciaram essa mudança no mercado de trabalho, incluindo a policrise global.
Nos últimos anos, o mundo enfrentou crises sanitárias, políticas e econômicas que forçaram tanto empresas quanto trabalhadores a se adaptarem.
Segundo a International Labour Organization, a pandemia de COVID-19, por exemplo, resultou na perda de 8,8% das horas de trabalho globais em 2020, o que equivale a 255 milhões de empregos em tempo integral.
Essa crise criou um ambiente de incerteza, incentivando as pessoas a diversificarem suas fontes de renda e se envolverem em múltiplas atividades profissionais.
Além disso, o aumento da conectividade digital facilitou o surgimento de novos modelos de negócios, permitindo que profissionais de diferentes áreas colaborem e trabalhem de forma remota em projetos ao redor do mundo.
O polywork é uma nova abordagem de carreira?
Sim, o polywork não é apenas uma tendência passageira, mas uma verdadeira transformação no modo como o desenvolvimento de carreiras é encarado.
Esse novo modelo de atuação abre possibilidades para que os profissionais explorem várias áreas de interesse e experimentem novas funções.
Enquanto no passado era esperado que os trabalhadores se especializassem em um único campo ao longo de suas carreiras, hoje a multifuncionalidade é cada vez mais valorizada.
O polywork permite que os indivíduos adquiram novas competências e aumentem sua capacidade de se adaptar às mudanças do mercado, principalmente na crescente das transformações digitais nas empresas.
Áreas de tecnologia, por exemplo, estão em crescimento, e profissionais que antes não atuavam nessas áreas podem buscá-las como forma de expandir suas habilidades e formatos de trabalho, enquanto seguem atuando em suas carreiras originais.
Conforme o World Economic Forum, mais de 75% das empresas planejam adotar tecnologias como big data, computação em nuvem e inteligência artificial nos próximos cinco anos, criando uma expectativa de crescimento de 40% em funções relacionadas a IA e machine learning.
Por que esse fenômeno é tão popular na Geração Z?
A Geração Z chegou no mercado de trabalho mudando diversos paradigmas, e é uma das principais responsáveis pela popularização do polywork.
Diferente das gerações anteriores, que priorizavam a estabilidade e a progressão linear em suas carreiras, a Geração Z valoriza a flexibilidade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
De acordo com uma pesquisa realizada pela McKinsey, 75% dos jovens dessa geração consideram a flexibilidade de horários um dos fatores mais importantes ao escolher um emprego.
Essa geração cresceu em um ambiente digital e altamente conectado, o que facilitou sua adaptação a novos modelos de trabalho.
Além disso, a Geração Z valoriza a diversidade de experiências e a possibilidade de explorar diferentes áreas ao longo da carreira.
O polywork oferece exatamente isso, permitindo que esses jovens profissionais construam uma carreira não convencional e multifacetada.
Crescimento do polywork no Brasil
No Brasil, o polywork também está ganhando espaço rapidamente.
A instabilidade econômica e as transformações no mercado de trabalho impulsionam os profissionais a buscarem novas formas de atuar.
Com o crescimento do empreendedorismo digital e o uso de plataformas de freelancing como Workana e Upwork, muitos brasileiros estão optando por desenvolver múltiplos projetos simultâneos para complementar sua renda.
Além disso, a pandemia de COVID-19 acelerou o crescimento dessa tendência no Brasil, à medida que muitos trabalhadores precisaram se adaptar ao home office e buscar formas alternativas de gerar renda em um cenário de incertezas econômicas.
A CLT prevê o polywork?
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) no Brasil foi criada em uma época em que o trabalho multifuncional não era comum.
Embora existam formas de contratação flexíveis, como o MEI (Microempreendedor Individual), a legislação trabalhista brasileira ainda não contempla totalmente a complexidade do polywork.
Questões como carga horária, direitos trabalhistas e benefícios precisam ser adaptadas para acomodar essa nova realidade, na qual um profissional pode atuar em várias funções ao mesmo tempo.
Quais são os impactos positivos do polywork nas empresas?
Para as empresas, o polywork traz uma série de benefícios.
Profissionais multifuncionais podem oferecer uma gama diversificada de habilidades e perspectivas, o que pode aumentar a inovação e a eficiência das organizações.
Desafios trazidos por essa tendência
O polywork também apresenta desafios. Entre os principais estão:
- Dificuldade em gerenciar o tempo entre diferentes projetos;
- Conflitos de interesse entre atividades;
- Falta de regulamentação adequada;
- Dificuldade em garantir direitos trabalhistas.
Vantagens do polywork para as empresas
Por outro lado, as empresas podem colher inúmeros benefícios ao contratar profissionais adeptos do polywork. Alguns dos principais incluem:
- Redução de custos com contratações em tempo integral;
- Acesso a uma gama mais ampla de competências;
- Maior flexibilidade na gestão de talentos;
- Incremento da inovação e adaptação rápida às mudanças do mercado.
Como o RH pode se adaptar a essa tendência?
Para aproveitar o potencial do polywork, os departamentos de RH precisam desenvolver novas estratégias de gestão.
A criação de contratos mais flexíveis e o investimento em ferramentas de gestão de projetos podem colaborar com as lideranças para garantir que profissionais multifuncionais possam atuar de maneira eficiente nas organizações.
Para Lara Avelino, analista de RH, psicóloga organizacional e recrutadora, “A tecnologia é uma aliada, seja pela flexibilização que ela traz, seja pela ajuda na otimização de funções. Então, realmente precisamos entender a tecnologia não como uma inimiga, independente da sua geração ou idade, mas compreender que ela pode auxiliar e fazer parte do seu dia a dia para que o colaborador otimize suas funções.”.
O RH também deve considerar políticas que incentivem a formação contínua, permitindo que os trabalhadores desenvolvam novas habilidades ao longo de suas carreiras e contribuam de maneira mais eficaz para os objetivos da empresa.
Conclusão
Neste artigo, foi explorado o conceito de polywork e como ele está mudando como os profissionais encaram o trabalho e as carreiras no Brasil.
Essa nova abordagem, que permite que os profissionais atuem em diferentes funções e projetos ao mesmo tempo, reflete as necessidades de um mercado de trabalho mais dinâmico e flexível.
Para empresas e trabalhadores, essa tendência apresenta tanto desafios quanto oportunidades, e a adaptação será essencial para tirar o máximo proveito dessa nova realidade.
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