A política de inclusão ganhou espaço nas empresas nos últimos anos. O que antes parecia uma tendência ou uma preocupação limitada ao discurso de responsabilidade social, hoje é encarado como uma prática para o sucesso das organizações.
Promover a inclusão vai além de um gesto simbólico ou um esforço para contribuir com um mundo melhor. Essas políticas têm impactos reais e mensuráveis tanto nos resultados financeiros quanto na dinâmica interna das empresas.
Este artigo mostrará em mais detalhes o que é a política de inclusão, porque ela é tão importante e, principalmente, como o setor de RH pode conduzir a sua implementação. Confira na lista abaixo um resumo do que será explicado mais adiante:
- O que é política de inclusão?
- Qual a importância da política de inclusão?
- Benefícios de ter políticas de inclusão na empresa
- O que diz a legislação sobre política de inclusão?
- Como o RH pode implementar uma política de inclusão?
Descubra as vantagens da política de inclusão!
O que é política de inclusão?
Política de inclusão na empresa é um conjunto de diretrizes internas para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, tenham oportunidades de ingressar, crescer e se desenvolver no ambiente de trabalho.
No Brasil, há leis que incentivam e até obrigam que as empresas adotem práticas inclusivas. Porém, uma política de inclusão não necessita ser vista pelas lideranças como uma obrigação legal que precisa ser cumprida para evitar multas ou problemas com fiscalização.
A inclusão, quando feita de forma genuína, tem o poder de transformar o ambiente de trabalho. Quando o time entende que a empresa está investindo em inclusão porque acredita no valor das diferenças, e não apenas porque é preciso, o impacto é muito maior.
Qual a importância da política de inclusão?
A política de inclusão em uma empresa não é somente uma ação social ou moralmente correta, é uma estratégia inteligente que impacta diversos resultados de um negócio, inclusive os econômicos.
Um estudo da McKinsey mostrou que empresas com maior diversidade de gênero nas lideranças têm 21% mais chances de alcançar lucros acima da média. E, quando a diversidade é étnica, o número sobe para 33%.
A inclusão traz para empresa pessoas com diferentes perspectivas, o que ajuda a organização a entender melhor seus clientes, atender às necessidades do mercado e descobrir oportunidades que antes não eram enxergadas.
Equipes mais diversas também ajudam a gerar dados que podem ser analisados para direcionar decisões estratégicas. Não se trata apenas de diversificar por diversificar, mas de usar essa riqueza de perfis como uma ferramenta para evoluir.
Mariá Menezes Boaventura, diretora de Pessoas e Cultura da Sankhya, destacou muito bem essa relação entre inclusão, dados e resultados. Para ela:
“Quando a empresa se compromete com a diversidade, é necessário também observar os dados relacionados a ela. Estes incluem a nossa demografia, gênero, orientação sexual e faixa etária, bem como a distribuição no headcount do meu time. Coletar esses dados pode fornecer insights interessantes quando a empresa decide examiná-los, o que não é obrigatório. É evidente que quanto mais diversidade houver, mais inovação será criada. O time será capaz de propor soluções que atendam melhor a uma variedade de clientes.”.
Ou seja, a inclusão não é só sobre as pessoas que estão na empresa, mas sobre como elas contribuem para o crescimento do negócio e a experiência dos consumidores.
Benefícios de ter políticas de inclusão na empresa
Empresas que abraçam a inclusão estão um passo à frente em números. Mas, se ainda há dúvidas sobre como isso pode transformar o seu negócio, entenda agora os benefícios de criar incentivos diretos para ambientes de trabalho com diversidade.
Promove a diversidade de perspectivas
Apostar na diversidade de perspectivas é investir em um diferencial competitivo. Não é só sobre ter pessoas diferentes: é sobre como essas diferenças fazem a empresa pensar maior, agir melhor e alcançar resultados acima do esperado.
O mercado é diverso, e nada mais inteligente do que ter uma equipe que reflita isso. Em uma equipe homogênea, por outro lado, as soluções para os problemas tendem a ser mais previsíveis e limitadas.
Melhora o clima organizacional
Ninguém gosta de trabalhar em um lugar onde não se sente aceito. Políticas de inclusão ajudam a criar um clima organizacional mais leve, no qual as pessoas têm espaço para serem quem são, sem medo de julgamentos. É uma medida com impactos diretos no aumento da colaboração e na criação de um clima de respeito e empatia.
Reduz o turnover
Profissionais que sentem que fazem parte de algo maior e são valorizados de verdade no trabalho têm muitos motivos para não abandonar seus empregos. Na prática, isso significa redução do turnover, menos gastos com recrutamento e mais tempo para focar no que realmente importa: crescer juntos.
O que diz a legislação sobre política de inclusão?
Existe um conjunto de leis no Brasil que estabelece as bases para políticas de inclusão, todas com o objetivo de garantir igualdade de oportunidades e combater a discriminação em diferentes contextos, inclusive no ambiente de trabalho.
Uma das principais referências é o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/2015). Essa lei, conhecida também como Lei Brasileira de Inclusão, assegura os direitos das pessoas com deficiência e promove sua inclusão social e cidadania.
Outra legislação importante é a Lei de Cotas (Lei n.º 8.213/1991), que exige que empresas com 100 ou mais empregados reservem de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência ou reabilitadas.
Para questões de gênero e raça, a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 9.029/1995 são fundamentais. A Constituição do país proíbe discriminação em salários, critérios de admissão e oportunidades profissionais por motivos de sexo, cor ou estado civil, garantindo igualdade entre trabalhadores.
Já a Lei n.º 9.029/1995 proíbe práticas discriminatórias para admissão ou permanência no emprego, como exigências que possam excluir mulheres, pessoas negras ou de outras minorias.
No contexto da diversidade racial, o Estatuto da Igualdade Racial (Lei n.º 12.288/2010) também merece destaque. Ele estabelece que empresas públicas e privadas devem adotar medidas para promover a igualdade racial, incluindo políticas afirmativas para ampliação do acesso de pessoas negras a postos de trabalho.
Como o RH pode implementar uma política de inclusão
?O setor de Recursos Humanos (RH) está em contato direto com as pessoas e entende as necessidades de quem faz parte da empresa. Mas, como implementar uma política de inclusão que seja real e transforme o ambiente de trabalho? Confira algumas sugestões de medidas e entenda como elas podem ser adaptadas à sua empresa.
Acessibilidade física e digital
Incluir começa pelo básico: garantir que todos consigam acessar o ambiente de trabalho, seja ele físico ou online. O RH pode liderar um programa de acessibilidade para adaptar os espaços da empresa, como instalar rampas, ajustar banheiros ou criar vagas de estacionamento para pessoas com deficiência.
No mundo digital, isso significa garantir que ferramentas e sistemas usados pela empresa sejam acessíveis, como softwares com leitores de tela ou sites que respeitem padrões de acessibilidade.
Vagas afirmativas
A oferta de vagas afirmativas acontece quando a empresa direciona oportunidades para grupos que, historicamente, têm menos acesso ao mercado de trabalho, como pessoas negras, trans, ou com deficiência.
O RH pode estruturar essas vagas de forma transparente e alinhada à cultura da empresa, mostrando que não se trata de exclusividade, mas de criar oportunidades para quem sempre enfrentou mais barreiras. E o mais importante: garantir que essas contratações não sejam simbólicas, mas reais, com chances de crescimento e desenvolvimento.
Treinamento
Ter um time diverso é só o começo. O próximo passo é preparar os colaboradores para trabalharem juntos de forma respeitosa. O RH pode promover orientações que ajudem a equipe a entender mais sobre diversidade e inclusão.
Não são necessários métodos engessados. Quanto mais as pessoas aprendem sobre as experiências umas das outras, mais elas se conectam.
Ações de combate ao preconceito
Nenhum ambiente está 100% livre de preconceitos, mas o RH pode agir para reduzir isso ao máximo. Campanhas internas, palestras com especialistas e até semanas temáticas sobre diversidade são formas de conscientizar o time e mostrar que preconceitos e discriminação não têm espaço na empresa.
Criar canais de feedback e comunicação aberta
Canais de comunicação que permitam aos colaboradores dar feedbacks, fazer sugestões e relatar problemas relacionados à inclusão mostram à equipe que a empresa se preocupa em garantir que todos tenham meios de falar sobre suas experiências.
O mais importante é que as pessoas sintam que suas opiniões são ouvidas e que sugestões podem trazer mudanças. Quando o time percebe que a empresa está disposta a ouvir e agir, o senso de pertencimento cresce — e a inclusão se fortalece ainda mais.
Conclusão
Fica claro que a política de inclusão não precisa ser vista como um “processo” frio e burocrático. Ela pode ser entendida como uma oportunidade de obter melhores resultados tanto para a organização quanto para seus colaboradores.
No entanto, é importante lembrar que muitas dessas iniciativas devem estar alinhadas às leis que tratam da inclusão de minorias sociais no ambiente corporativo. A garantia dos direitos é a base para que as medidas de inclusão beneficiem a organização, os funcionários e toda a sociedade.
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