As antigas estruturas de gestão corporativa, com decisões centralizadas e processos burocráticos, estão se mostrando incapazes de lidar com a complexidade e a velocidade das mudanças atuais. Diante desse contexto, surge o Management 3.0, uma abordagem que busca resgatar a agilidade, a inovação e o engajamento das equipes.
De acordo com uma pesquisa recente conduzida pela empresa de consultoria Olivia, que analisou dados de empresas em 9 estados, 35 cidades brasileiras e 5 países, 37% dos gestores afirmaram não se sentirem preparados para lidar com as mudanças exigidas pelo mercado, enquanto 3% disseram se sentir pouco preparados.
Esses números alarmantes refletem a necessidade urgente de adotar um estilo de gestão mais adaptável e flexível. Por isso, este artigo explora em detalhes os princípios fundamentais do Management 3.0 e como essa abordagem pode preparar as organizações para enfrentar os desafios atuais e futuros.
Veja, logo abaixo, um breve resumo do que será explicado adiante:
- O que é Management 3.0?
- Como surgiu esse conceito?
- Quais os princípios do Management 3.0?
- Como funciona a gestão 3.0 na prática?
- Management 3.0: como adotar?
- Quais as principais vantagens?
Continue a leitura e aprenda tudo sobre o Management 3.0!
O que é Management 3.0?
O Management 3.0 é um modelo de gestão colaborativa e humanizada que trata o colaborador como o principal ativo da organização. Esse modelo se baseia na ideia de que o sucesso de uma empresa não depende apenas de seus processos e tecnologias, mas também da forma como ela trata seus colaboradores.
Nessa abordagem, o papel do gestor é transformado de um controlador para um facilitador, cujo objetivo principal é criar um ambiente propício para que os membros da equipe possam se desenvolver, tomar decisões e colaborar de forma autônoma.
Como surgiu esse conceito?
Criado pelo gerente de TI Jurgen Appelo em 2010, o Management 3.0 surgiu como uma evolução dos métodos de gerenciamento antigos que, assim como a nova abordagem, procuravam oferecer respostas para desafios relacionados à gestão e organização do trabalho, isto é, o Management 1.0 e o Management 2.0.
No livro “Management 3.0 Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders”, Jurgen Appelo compara o Management 3.0 com os modelos de gestão anteriores que, do ponto de vista dele, são ultrapassados. Veja, a seguir, as diferenças entre as abordagens.
Management 1.0
O Management 1.0 é um modelo de gestão que se caracteriza por uma forte estrutura hierárquica, na qual o fluxo de decisões é centralizado e há pouca liberdade criativa para as equipes.
Nesse modelo, as ordens são dadas de cima para baixo (top-down) e devem ser seguidas sem questionamentos. Esse estilo de gestão baseado no comando tende a desvalorizar os colaboradores e pode impactar negativamente a qualidade de vida no trabalho.
Management 2.0
O Management 2.0 surge como uma evolução do modelo 1.0, buscando solucionar alguns de seus problemas. Nesse caso, são introduzidas ferramentas de gestão mais modernas, como o Seis Sigma e o Total Quality Management (TQM), com o objetivo de melhorar a eficiência operacional e a qualidade dos processos.
O Management 2.0 reconhece a importância de uma estrutura menos hierárquica, promovendo uma maior participação dos colaboradores. Por outro lado, embora tenha avanços em relação ao modelo 1.0, a hierarquia ainda é um fator determinante nesse formato, o que pode tornar a tomada de decisões mais burocrática.
Management 3.0
O criador do Management 3.0 afirma que o motivo mais comum para o fracasso das equipes nas empresas modernas é a dependência dos estilos de gestão arcaicos, que dão aos funcionários pouco poder de decisão e pouca autonomia no trabalho. Ele também afirma que esse problema ocorre até mesmo em grandes corporações.
Diante desse desafio, um dos objetivos centrais do Management 3.0 passa ser o de alavancar os negócios por meio de colaboradores motivados, engajados e satisfeitos.
Quais os princípios do Management 3.0?
Jurgen Appelo propõe uma abordagem inovadora e abrangente no Management 3.0, com princípios que contribuem para a implementação bem-sucedida do novo modelo de gestão.
Uma das principais diretrizes é capacitar as equipes, permitindo que se auto-organizem e tenham autonomia para tomar decisões. Para isso, os gestores devem estabelecer um ambiente de confiança, promover reuniões individuais para compreender as motivações dos colaboradores e monitorar seu engajamento.
Em contraste com os modelos anteriores, que se baseiam em regras rígidas, o Management 3.0 destaca o seu segundo princípio: alinhar restrições em vez de regras. Restrições estabelecem limitações para cada membro, de modo que a autonomia do time não se torne descontrolada e as atitudes de cada um não fujam às previsões da empresa.
Outro princípio essencial é desenvolver habilidades. Os gestores devem incentivar a busca individual por aperfeiçoamento e estabelecer metas de desenvolvimento profissional. Eles também devem fornecer recursos e oportunidades de treinamento para a equipe aprender novas habilidades, valorizando os colaboradores como profissionais.
A estrutura de crescimento é uma preocupação central no Management 3.0. Por isso, expandir a estrutura é outro princípio da abordagem. Isso envolve planejar a composição e a dinâmica das equipes, bem como adquirir novas competências conforme os objetivos do negócio se atualizam com o passar do tempo.
Energizar as pessoas é mais um princípio determinante para o sucesso do modelo. Isso porque a motivação para atingir metas constitui a base do Management 3.0. Então, os gestores devem monitorar o índice de engajamento dos colaboradores e promover ações que mantenham as expectativas alinhadas.
Por fim, a melhoria contínua é outro princípio da nova abordagem. Os erros são vistos como oportunidades de aprendizado, incentivando um ciclo de melhoria. E, para garantir o alinhamento das ações com as metas, é preciso medir o desempenho passo a passo. A implementação de indicadores de desempenho pode ser uma ferramenta útil nesse sentido.
Como funciona a gestão 3.0 na prática?
O Management 3.0 não é outra metodologia, mas sim uma mentalidade que transforma o modo como as empresas são gerenciadas. Na prática, envolve uma organização participativa, em que todos os membros são encorajados a contribuir ativamente e tomar decisões, considerando os princípios estabelecidos pela abordagem.
Para ilustrar como o Management 3.0 funciona, imagine uma equipe de desenvolvimento de software. Mas, em vez de um gerente que define todos os detalhes de um projeto, os membros da equipe trabalham juntos para estabelecer metas e prazos realistas, distribuindo as tarefas conforme as habilidades individuais.
Os métodos ágeis, como o Scrum, são frequentemente adotados no Management 3.0. Por exemplo, a equipe pode realizar reuniões diárias de acompanhamento, conhecidas como Daily Stand-ups, para compartilhar progresso, desafios e buscar apoio mútuo. Isso promove a colaboração, o aprendizado contínuo e a melhoria constante do trabalho em equipe.
Management 3.0: como adotar?
Para adotar uma gestão de Management 3.0, é necessário seguir alguns passos práticos que envolvem toda a empresa. O primeiro passo é engajar as lideranças, pois elas devem promover e sustentar a mudança necessária na cultura organizacional.
Antes de aplicar a abordagem em toda a empresa, uma estratégia eficaz é iniciar com um piloto em uma equipe ou departamento específico, em que os princípios do Management 3.0 serão testados. Uma empresa de desenvolvimento de software, por exemplo, pode selecionar um time para implementar o Management 3.0 em suas práticas de trabalho.
A partir daí, é importante investir em capacitação tanto dos líderes quanto dos colaboradores. Workshops e cursos específicos sobre Management 3.0 podem ser oferecidos, nos quais as pessoas aprenderão práticas e ferramentas que promovem a colaboração, a autonomia e o engajamento.
Espaços de diálogo e feedback, para reuniões individuais, também são bem-vindos. Os gestores devem estar abertos a ouvir as necessidades e ideias dos colaboradores, fornecendo suporte e direcionamento adequados.
A comunicação transparente e aberta será fundamental nesse processo. Todos os membros da empresa devem ser informados sobre as mudanças e os objetivos com o Management 3.0 para que possam entender seu papel e contribuir ativamente.
Por fim, é importante medir e avaliar os resultados. O setor de RH pode monitorar regularmente indicadores de desempenho, como satisfação dos colaboradores, rapidez dos processos e satisfação do cliente. Isso permite ao setor identificar pontos fortes e áreas que precisam de melhoria, refinando a implementação do Management 3.0 ao longo do tempo.
Quais as principais vantagens?
Funcionários felizes tendem a permanecer mais tempo na empresa e serem mais produtivos. Essa é uma das principais vantagens do Management 3.0: fornecer oportunidades de liderança a todos os membros de uma equipe ou setor, dando-lhes um maior senso de propósito com o trabalho.
Um efeito colateral de funcionários felizes é a satisfação do cliente. Afinal, ao valorizar a autonomia e a responsabilidade dos colaboradores, uma empresa dá a liberdade para que eles organizem a rotina de trabalho em função das necessidades e expectativas dos clientes. Essa abordagem resulta em um atendimento cada vez mais ágil e personalizado.
A AmbevTech, empresa brasileira de tecnologia do grupo Ambev, obteve um aumento notável de 78% na satisfação dos clientes após implementar o Management 3.0. Esse e outros cases demonstram como o modelo 3.0 pode impulsionar resultados positivos para quem adquire o produto e/ou serviço da empresa.
Por fim, vale destacar a importância de um estilo de gestão flexível e aberto para uma empresa conseguir se adaptar às novidades. Pode ser difícil acompanhar tudo e garantir que sua empresa seja líder em seu setor com uma gestão rígida e fechada para sugestões dos colaboradores. O Management 3.0, nesse caso, é uma alternativa interessante.
Conclusão
Depois de conhecer o Management 3.0 e sua aplicação na gestão empresarial, fica evidente que essa abordagem oferece um novo paradigma para a rotina das empresas: em vez de decisões verticalizadas, baseadas no comando de autoridades, é possível alcançar resultados positivos dando autonomia e poder para as equipes.
Como foi visto neste artigo, pode ser interessante no início experimentar os princípios da gestão 3.0 em um ou dois departamentos e, à medida que os resultados vão surgindo, expandir a abordagem para outras áreas da empresa.
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