Aquele que pensa que sabe tudo está, com toda certeza, equivocado. Há sempre algo a aprender e a aprimorar. Esse, inclusive, é um dos princípios da inteligência coletiva, um conceito que acredita na colaboração e na troca de conhecimento, amplamente discutido por Pierre Lévy em sua obra.
Dentro das empresas, por exemplo, a inteligência coletiva se faz importante. trabalho colaborativo traz resultados mais sólidos e eficazes, pois é construído a partir de diferentes ideias e pontos de vista, formando um verdadeiro capital intelectual coletivo.
A inteligência coletiva também ajuda a criar comunidades de prática, onde o conhecimento compartilhado resulta em uma evolução constante.
Para saber mais sobre inteligência coletiva, qual a sua aplicação e por que ela é importante para a construção de times sinérgicos, colaborativos e inovadores, confira este artigo, que foi dividido nos tópicos abaixo:
- O que é inteligência coletiva?
- Quais são as subdivisões da inteligência coletiva?
- Como a inteligência coletiva é útil para o mundo corporativo?
- Como aplicar a inteligência coletiva na sua empresa?
Boa leitura!
O que é inteligência coletiva?
A inteligência coletiva é uma forma de inteligência que se distribui entre todas as pessoas e é coordenada de maneira contínua e valorizada no ambiente de grupo. Esse conceito se baseia na ideia de que todo mundo tem algo a contribuir, não sendo limitado apenas a especialistas ou uma elite intelectual.
Entre seus princípios básicos, está a ideia de que todo mundo sabe de algo, mas que ninguém possui todo o conhecimento necessário. Neste sentido, então, é necessário que cada um compartilhe o que sabe para que se construa o conhecimento em conjunto.
Na prática, isso significa que o compartilhamento de informações e a colaboração entre diferentes indivíduos geram um conjunto de ideias, memórias e saberes, resultando em um verdadeiro capital intelectual coletivo.
Esse processo é potencializado pelas tecnologias da informação e comunicação (TICs), que facilitam a troca de conhecimento e a sinergia entre as pessoas, especialmente no ciberespaço.
A disseminação do conceito de inteligência coletiva começou em 1912, quando Émile Durkheim definiu que a única fonte de pensamento lógico humano é a sociedade em si. Mas foi em 1994 que o sociólogo francês Pierre Lévy popularizou o termo em seu livro “A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço”. Esse conceito foi desenvolvido em resposta à crescente informatização da sociedade, incentivada pela ascensão da internet.
Para Lévy, a inteligência coletiva não é só sobre tecnologia, mas também envolve aspectos materiais, culturais e sociais. Ele enxergava o conhecimento como uma ferramenta fundamental para construir laços sociais, não apenas através do saber acadêmico, mas também com os saberes cotidianos que as pessoas trazem para a mesa.
Quais são as subdivisões da inteligência coletiva?
Segundo Lévy, a inteligência coletiva se divide em três tipos: a inteligência conceitual, a inteligência técnica e a inteligência emocional, que juntas se somam e resultam no que é chamado de capital intelectual coletivo.
Inteligência técnica
A inteligência técnica refere-se ao conhecimento aplicado no mundo físico, sendo responsável por transformar ideias em realidade, é a área do saber que planeja, executa e constrói coisas. Ela é essencial para a inovação aberta nas empresas, promovendo a materialização de projetos concretos.
Inteligência conceitual
A inteligência conceitual lida com questões abstratas, como a Matemática e as Artes, desempenhando um papel vital na construção de um conhecimento coletivo e não há materialidade física neste tipo de inteligência. Ela é fundamental para interpretar e estruturar ideias que colaboram para o desenvolvimento organizacional.
Inteligência emocional
A terceira subdivisão da inteligência coletiva é a inteligência emocional, que é habilidade de se relacionar e compreender o coletivo, sendo a base para as interações sociais. É a partir dela que as os relacionamentos se tornam realidade, ela também estimula a empatia e a sinergia, ingredientes fundamentais para o sucesso de equipes colaborativas.
Como a inteligência coletiva é útil para o mundo corporativo?
A inteligência coletiva está totalmente ligada à capacidade de construir, colaborar e, como consequência, gerar resultados positivos. Por isso, dentro de um contexto corporativo, ela é importante para a gestão do conhecimento, criando sinergia entre as equipes e promovendo a colaboração.
Ela também está totalmente ligada à criação de comunidades, em que cada um contribui com sua especialidade para a construção de algo significativo para a empresa. Trata-se de um processo de fusão de conhecimento e de crescente evolução.
Como já mencionado, o trabalho em equipe é bastante beneficiado pelo conceito de inteligência coletiva que, por assegurar que ninguém sabe de tudo, reitera que é preciso unir os saberes e a expertise de cada membro para que se chegue em resultados importantes.
Melhora a comunicação interna
Já passou o tempo em que se acreditava que a comunicação interna seria algo unilateral nas empresas. Atualmente, a ideia de uma única “voz institucional” que dita as regras enquanto os colaboradores apenas escutam não faz mais sentido.
Hoje, as empresas entendem que a comunicação interna deve ser um diálogo contínuo, um processo de colaboração em que ouvir, agir, ensinar e aprender são igualmente importantes. Esse modelo participativo não só melhora a comunicação, mas também aumenta o engajamento e torna as mudanças organizacionais mais eficazes.
Acredita-se, então, que a comunicação interna dentro de uma empresa deva fluir como um diálogo. Um movimento de construção bilateral, em que é preciso ouvir e agir, ensinar e aprender e, só assim, os projetos e as mudanças propostas são verdadeiramente efetivos.
Com a implementação da inteligência coletiva, a comunicação deixa de ser uma simples transmissão de informações e passa a ser um elemento essencial para a construção de uma cultura colaborativa.
Incentiva a gestão participativa
O conceito de inteligência coletiva também incentiva a gestão participativa, uma vez que, dentro da perspectiva desta inteligência, cada pessoa envolvida tem sua opinião valorizada e a plena capacidade de colaborar com o todo ao trazer sua visão pessoal.
Quando as ideias individuais são reconhecidas e valorizadas, os profissionais se sentem à vontade para colaborar, e há abertura para que se estabeleça uma gestão mais participativa, em que cada um é capaz de acrescentar algo ao negócio, promovendo um ambiente de inovação e crescimento coletivo.
Estimula a criatividade e a inovação aberta
A inteligência coletiva também abre espaço para o diálogo e para a gestão da inovação. Com ela, são abandonados os pontos de vista individuais e, consequentemente, novas maneiras de se resolver problemas são pensadas.
Este conceito também é responsável por colocar equipes em sinergia e valoriza soft skills, como sensibilidade e empatia, ingredientes primordiais para a existência da criatividade.
Ambientes diversos, que combinam as inteligências definidas por Lévy — técnica, conceitual e emocional — têm maior potencial de inovação, visto que as pessoas que os compõem estão mais abertas às diferenças, à negociação e a aprender uns com os outros.
Como aplicar a inteligência coletiva na sua empresa?
Há várias formas de aplicar o conceito de inteligência coletiva em uma empresa e de fomentar a beleza que há na diferença de conhecimentos e opiniões.
Para isso, é preciso capacitar os colaboradores dentro do universo das três inteligências, a técnica, a conceitual e a emocional, e valorizá-los.
A comunicação transparente, a promoção de novos modelos de hierarquia e também o oferecimento de cursos que agreguem na aprendizagem coletiva são algumas formas de fazer esta aplicação.
Aseguir, estão algumas estratégias para promover a inteligência coletiva no ambiente corporativo:
Pratique a comunicação aberta e transparente
Praticar a comunicação aberta e transparente é uma importante ação para promover a inteligência coletiva. Como este tipo de inteligência se dá por meio da confiança e do diálogo, quanto mais aberta for a conversa dentro da empresa, melhor.
A comunicação é uma ferramenta essencial no processo de criação de uma coletividade; é preciso que haja um espaço aberto para que as pessoas opinem, compartilhem ideias e façam trocas saudáveis de conhecimento.
Fomente uma liderança horizontal
Uma liderança horizontal também é capaz de abrir espaço para o compartilhamento e para a construção de uma inteligência coletiva. Afinal, hierarquias muito rígidas podem acabar desencorajando a participação de colaboradores em negócios e processos.
Por isso, as lideranças muito autoritárias que inibem que os colaboradores de darem opiniões sobre as coisas não são interessantes. Uma liderança horizontal é primordial para que se abra espaço para ideias disruptivas, criatividade e inovação.
Qualifique seus colaboradores
Workshops, treinamentos e outros programas para o desenvolvimento do colaborador são importantes neste processo de construção de uma inteligência coletiva, pois eles promovem o conhecimento e valorizam a importância de colaborar.
Colaboradores mais preparados e conscientes sobre sua importância no todo são mais propensos a inovarem em suas atividades rotineiras e também no trabalho em equipe, gerando valor à empresa e construindo resultados coletivos.
Conclusão
Neste artigo, foi apresentado o conceito de inteligência coletiva, definido pelo filósofo Pierre Lévy. São três tipos de inteligência que compõem esta primeira: a inteligência técnica, a conceitual e a emocional.
Ao longo da leitura, também foi discutido como a inteligência coletiva pode beneficiar empresas e equipes, pois fomenta a criatividade, a sinergia e a construção em conjunto de projetos relevantes e que atendam a vários lados.
O texto ainda trouxe algumas formas de aplicar a inteligência coletiva em uma equipe, e quais seriam algumas ferramentas ou ações que ajudariam na formação de uma cultura que auxilie na construção de comunidades e de inovação.
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