Os executivos das maiores empresas do mundo estão preocupados: a baixa produtividade é o desafio número um que eles enfrentam. Mas existe um problema ainda mais sutil mascarando essa questão — a falsa produtividade.
38% dos executivos de alto escalão e 37% de todos os gerentes admitem fingir produtividade no trabalho, segundo pesquisa da Workhuman com 3 mil funcionários em tempo integral nos EUA, no Reino Unido e na Irlanda.
A falsa produtividade atinge todos os tipos de empresa e demanda ações estratégicas por parte das lideranças. Este artigo traz mais detalhes sobre como aplicar maneiras de combater esse hábito prejudicial. Confira o que será explicado mais adiante:
- O que é falsa produtividade?
- Principais causas da falsa produtividade
- Sinais comuns de falsa produtividade
- Impactos da falsa produtividade nas empresas
- Diferenças entre produtividade real e falsa
- Como combater o “fauxductivity”?

Veja como identificar e eliminar esse hábito destrutivo para as empresas!
O que é falsa produtividade?
Falsa produtividade é o fenômeno em que há muito trabalho sendo realizado, mas sem impacto real nos resultados. Isso ocorre quando as atividades não contribuem para os objetivos da empresa, criando apenas a ilusão de eficiência.
O conceito tem origem no termo “fauxductivity”, uma junção das palavras francesas faux (falso) e productivity (produtividade). O termo foi popularizado no ambiente corporativo nos EUA para descrever situações em que funcionários parecem estar ocupados, mas, na prática, não estão produzindo algo de valor real.
A “fauxductivity” ganhou relevância com a digitalização do trabalho e o crescimento de modelos híbridos e remotos. Muitos gestores passaram a medir a produtividade com base em presença online, tempo de tela e quantidade de tarefas executadas, em vez de avaliar a qualidade e o impacto das entregas.
Os novos parâmetros levaram ao aumento de práticas como reuniões excessivas, respostas imediatas a e-mails e preenchimento de relatórios desnecessários, criando um ambiente onde estar sempre ocupado se tornou mais importante do que ser realmente produtivo.
Principais causas da falsa produtividade

A falsa produtividade é resultado de um conjunto de fatores que, muitas vezes, estão tão enraizados nas culturas empresariais que passam despercebidos. A seguir, estão as principais causas da falsa produtividade e como elas se interligam.
Pressão por resultados imediatos
Segundo uma pesquisa da Visier, quando as empresas pressionam os funcionários a ter um bom desempenho para cortar custos, os trabalhadores reagem priorizando tarefas que os fazem parecer produtivos para a gerência em vez de realizar trabalhos com impactos reais — um fenômeno que a Visier chama de “teatro da produtividade”.
Os números da pesquisa mostram que quase metade (43%) dos funcionários gasta mais de 10 horas por semana em tarefas de “teatro de produtividade”. A maioria (75%) disse que responde aos colegas o mais rápido possível ou mantém a tela do notebook ativa enquanto não está trabalhando ativamente.
88% cujos empregadores usam ferramentas de vigilância concordam que o trabalho performático contribui para seu sucesso profissional, mas que as ferramentas de vigilância fazem mais mal do que bem.
Cultura de “Estar Ocupado”
Um estudo da BambooHR em junho de 2024 revela que o teatro da produtividade está vivo no local de trabalho. Os resultados mostram que parecer é mais importante do que ser produtivo: mais de 79% dos funcionários no escritório e 88% dos trabalhadores remotos dizem que usam táticas performáticas para mostrar que estão trabalhando.
Isso acontece porque muitas empresas ainda seguem a cultura do “estar ocupado”, quando a dedicação ao trabalho é medida por métricas que valorizam a quantidade de horas trabalhadas, e não os resultados. A produtividade real é deixada de lado, e o que importa é parecer ocupado o tempo todo.
Falta de clareza em metas e objetivos
O estudo “Mental Models of Meeting Goals: Supporting Intentionality in Meeting Technologies” mostra que quando não há um alinhamento claro sobre os objetivos de uma reunião, todos saem dela com interpretações diferentes e poucas atividades realmente produtivas tendem a acontecer.
É algo que não vale só para reuniões: no trabalho, a falta de clareza sobre metas cria um ambiente perfeito para a falsa produtividade. Quando ninguém sabe exatamente o que deve ser feito e por que aquilo é importante, as pessoas acabam se ocupando com tarefas secundárias.
Sinais comuns de falsa produtividade
Alguns sinais indicam que a equipe pode estar presa no ciclo do trabalho sem impacto real. As manifestações típicas da falsa produtividade que aparecem em muitos locais de trabalho são:
- Reuniões longas e frequentes sem decisões concretas;
- Funcionários permanecem conectados fora do horário de trabalho para demonstrar engajamento;
- Mensagens e e-mails são respondidos imediatamente, sem tempo para reflexão;
- Projetos passam por múltiplas revisões porque a equipe não tem um direcionamento claro;
- Gestores monitoram cada detalhe do trabalho, exigindo aprovações constantes;
- A produtividade é medida pelo número de tarefas finalizadas, não pelo impacto delas;
- Colaboradores estão sempre sobrecarregados, mas sem avanços estratégicos;
- Ferramentas de produtividade são adotadas em excesso, dificultando o fluxo de trabalho.
Um ponto que muitas vezes passa despercebido é que a falsa produtividade nasce de uma cultura organizacional que prioriza performance em vez de impacto, e por isso resolver esse problema não depende apenas dos funcionários se organizarem melhor.
Impactos da falsa produtividade nas empresas
A falsa produtividade engana gestores e equipes, fazendo parecer que há um alto desempenho, quando na realidade as tarefas executadas são mal organizadas. O pior é que esse cenário traz impactos negativos para as empresas, que vão desde a queda na qualidade do trabalho até o aumento do estresse.
Redução da qualidade do trabalho
Sempre que a produtividade vira sinônimo de “parecer ocupado”, a qualidade do trabalho cai. Os funcionários são incentivados a produzir mais e mais, mas sem tempo para refletir, revisar e melhorar o que estão fazendo.
Desperdício de recursos
A falsa produtividade também faz a empresa gastar tempo e dinheiro com processos ineficientes. Quantas reuniões desnecessárias poderiam ser um simples e-mail? Quanto é gasto em ferramentas de produtividade mal utilizadas? Quantos relatórios são produzidos sem que ninguém realmente os utilize?
Aumento do estresse e burnout
Se a falsa produtividade fosse só um desperdício de tempo, já seria ruim. Mas ela também afeta diretamente a saúde dos funcionários. A pressão para estar sempre ocupado, responder mensagens instantaneamente e participar de reuniões que poderiam ser resolvidas com um e-mail cria um ambiente de estresse contínuo.
Quando esse estresse se acumula, o resultado é o burnout. Profissionais exaustos, desmotivados e adoecendo devido à sobrecarga. No final das contas, a empresa perde talentos porque não soube diferenciar produtividade real de simplesmente estar ocupado.
Diferenças entre produtividade real e falsa
A tabela abaixo destaca as maiores diferenças entre esses dois conceitos para ajudar gerentes e líderes a entender onde está o foco do trabalho e como otimizar os processos para gerar resultados reais:
Aspecto | Produtividade real | Falsa produtividade |
Foco | Gerar valor e resultados concretos. | Estar sempre ocupado e aparentar trabalho. |
Medição de desempenho | Baseada no impacto e qualidade das entregas. | Baseada em horas trabalhadas e volume de tarefas. |
Uso do tempo | Tempo usado de forma estratégica e otimizada | Tempo desperdiçado em reuniões desnecessárias e e-mails. |
Tarefas | Priorizadas com base em relevância e impacto. | Executadas sem um critério claro de prioridade. |
Tomada de decisão | Direcionada por objetivos claros e bem definidos. | Falta de clareza leva a retrabalho e decisões erradas. |
Gestão | Autonomia para os funcionários com supervisão estratégica. | Microgestão com controle excessivo sobre cada detalhe. |
Impacto no bem-estar | Reduz estresse e favorece equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. | Aumenta o estresse e leva ao esgotamento profissional. |
Resultados | Progresso visível e alinhado aos objetivos da empresa. | Muito esforço com poucos resultados concretos. |
Como combater o “fauxductivity”?

Muitas empresas tentam combater o “fauxductivity” responsabilizando individualmente os funcionários, mas esse é um erro. A falsa produtividade não é resultado de falhas isoladas, e sim de um problema coletivo da empresa.
Em vez de punir colaboradores que parecem improdutivos, o foco deve estar em revisar processos, estabelecer metas e criar um ambiente em que o trabalho seja direcionado para resultados concretos. A seguir, confira medidas que podem ser úteis nesse processo.
Estabeleça metas claras
Para evitar metas genéricas e irrelevantes para os resultados da empresa, a recomendação é que as lideranças planejem metas mensuráveis para que cada membro da equipe compreenda o que precisa ser feito e em qual prazo.
Uma metodologia que pode ser útil nesse aspecto é a SMART, que define critérios específicos para tornar as metas mais estratégicas e alcançáveis:
- Specific (específico);
- Measurable (mensurável);
- Achievable (atingível);
- Relevant (relevante);
- Time-bound (temporal).
Empresas que adotam a metodologia SMART conseguem direcionar os esforços de suas equipes para evitar desperdício de tempo e dinheiro.
Priorize tarefas
Nem toda tarefa tem o mesmo peso, e é por isso que definir prioridades é um aspecto importante da produtividade real. Na prática, priorizar tarefas significa escolher o que é mais importante com os recursos atuais e dedicar mais energia para isso.
É o que explica Tuanny Honesko, coordenadora de Marketing da Feedz: “Saber priorizar o quanto você consegue fazer com os recursos que tem e contar com a ajuda da tecnologia pode ser muito útil para estabilizar sua produtividade”.
Uma boa forma de priorizar é usar a Matriz de Eisenhower, que divide as tarefas em quatro categorias:
- Urgentes e importantes;
- Importantes, mas não urgentes;
- Urgentes, mas não importantes;
- Nem urgentes, nem importantes.
Faça pausas regulares
Pode parecer contraditório, mas trabalhar sem parar não significa produzir mais — na verdade, é o contrário. O cérebro precisa de pausas para manter o foco e evitar o cansaço excessivo.
Uma ferramenta que pode ajudar muito nisso é o timesheet da Pontotel, a plataforma de gestão de ponto mais completa do Brasil. Com ela, é possível acompanhar o tempo gasto em cada tarefa por vários dispositivos, como computador, notebook e celular.
Os gestores conseguem ter um controle real da jornada de trabalho com a Pontotel, e os colaboradores podem registrar suas atividades em tempo real. Quer saber mais sobre o nosso sistema? Preencha o formulário abaixo e fale com um de nossos especialistas.

Conclusão
Fica claro que combater a falsa produtividade não significa trabalhar menos, e sim trabalhar com mais inteligência. Ao estabelecer metas claras, priorizar tarefas e gerenciar bem o tempo com ferramentas como o timesheet da Pontotel, é possível focar no que realmente traz resultados e evitar o sentimento de estar sempre ocupado sem nunca avançar.
Como foi visto, a produtividade de verdade não é sobre preencher a agenda do dia, e sim sobre fazer o que realmente importa para as metas e os resultados da empresa.Para mais insights sobre produtividade e tecnologias para o ambiente de trabalho, confira as publicações recentes do blog Pontotel.