Da mesma forma que ocorre em outras etapas, como a dinâmica de grupo, a entrevista devolutiva é um elemento indispensável no processo de recrutamento e seleção. Com ele, a empresa está em busca não somente dos melhores talentos do mercado, mas também daqueles que estão mais alinhados com a sua cultura organizacional.
Enquanto alguns candidatos prosseguem no processo seletivo, outros acabam não conseguindo avançar. E é neste ponto que certos problemas surgem, visto que, ainda que estes candidatos tenham sido considerados inaptos para a vaga, a empresa não pode simplesmente deixar de avisá-los sobre isso ou avisá-los de qualquer maneira.
Além disso, os profissionais que entram em um processo de recrutamento investem tempo para participar de todas as etapas. Também investem dinheiro para se deslocarem até a empresa. É justamente por esses motivos que a organização deve atentar-se para abordá-los corretamente e comunicá-los sobre a não aprovação.
Pensando nisso, este artigo abordará os seguintes tópicos:
- O que é a entrevista devolutiva?
- Como funciona uma entrevista devolutiva?
- Quais cuidados o RH deve ter ao realizar uma entrevista devolutiva?
- Qual a importância de dar feedback para o candidato?
- Como estruturar uma boa entrevista devolutiva?
Tenha uma excelente leitura!
O que é a entrevista devolutiva?
Sendo parte do processo de recrutamento e seleção, a entrevista devolutiva trata-se do feedback que uma empresa dá a respeito dos resultados de um candidato em um processo seletivo, comunicando que ele não está apto para a vaga.
Os motivos da não aprovação desse candidato vão desde a falta do seu enquadramento com o perfil da empresa até questões comportamentais e carência de habilidades necessárias para o cargo.
Para que serve?
A entrevista devolutiva não serve somente para que a organização comunique ao candidato que ele não será contratado. Como ficará mais claro neste conteúdo, ela também tem a finalidade de dar um feedback construtivo para ele.
Esquecer de fazer a entrevista devolutiva, não fazer por falta de tempo ou simplesmente ignorar essa medida soará como uma atitude desrespeitosa para com o candidato. Isso sem contar os problemas envolvendo credibilidade que a empresa enfrentará por não ter agido de forma empática e honesta com ele.
Ao receberem retorno, ainda que seja para comunicá-los sobre a não aprovação na vaga, os candidatos se lembrarão, de forma positiva, da experiência que tiveram ao longo de todo o processo de recrutamento e seleção. Eles verão a entrevista devolutiva como um posicionamento ético da empresa, que reconheceu o esforço deles em ter participado da seleção.
A entrevista devolutiva tem, ainda, o objetivo de fazer com que os candidatos que não foram aprovados possam se preparar melhor para uma nova oportunidade de emprego. Ou seja, tem a finalidade de lhes proporcionar uma crítica construtiva para que eles se tornem mais preparados e, dessa forma, possam ser contratados em um futuro recrutamento.
Como funciona uma entrevista devolutiva?
A entrevista devolutiva é, em essência, pautada no feedback construtivo, e não no feedback destrutivo. Para tornar isso mais claro, o feedback destrutivo, além de não ser objetivo e muito menos embasado, foca unicamente em criticar o candidato, ressaltando os erros dele de maneira rude.
Esse cenário não acontece com o feedback construtivo. Este, focado em comunicar os pontos positivos e negativos de um candidato, isto é, seus pontos fortes e fracos, é coerente, objetivo e embasado em fatos. Ou seja, trata-se de um feedback que mescla o retorno positivo e o negativo. Entenda melhor a seguir.
Retorno positivo
Seu foco está em reconhecer os méritos das ações que o candidato teve no decorrer do processo de recrutamento e seleção. A empresa pode dar esse feedback positivo em algumas situações, como quando o candidato passa para uma próxima fase e quando ele é finalmente aprovado.
Retorno negativo
Assim como o retorno positivo, o negativo é igualmente importante. Suas principais características são a transparência e a comunicação assertiva e empática. O foco é ajudar o candidato a reconhecer as suas falhas e, a partir disso, buscar aprimoramento profissional. Com o retorno negativo, a organização pode destacar os erros que o candidato cometeu, como comportamentos inadequados e despreparo técnico.
Quais cuidados o RH deve ter ao realizar uma entrevista devolutiva?
Ao longo do processo de recrutamento e seleção, os candidatos estão emocionalmente envolvidos. E é por essa razão que a equipe de RH deve agir de forma empática com eles, colocando-se no lugar de cada um.
Tudo bem dizer que o candidato não está apto para a vaga, desde que isso seja feito de forma que não afete negativamente a sua autoestima. Afinal, isso pode gerar frustrações que irão reverberar não apenas no âmbito profissional da sua vida, mas também no pessoal.
Qual a importância de dar feedback para o candidato?
O feedback é uma avaliação que a empresa faz de um candidato, relacionando-se tanto ao comportamento que ele possui quanto a sua performance para o cargo. Em outras palavras, é uma ferramenta por meio da qual a empresa dá retornos construtivos, favorecendo, assim, o crescimento técnico de cada profissional.
A importância de a organização ter uma cultura de feedback em relação aos candidatos que participam dos processos de recrutamento e seleção está em favorecer a melhora profissional deles. Afinal, o feedback nivela expectativas, melhora comportamentos e traz aprendizados. Tudo isso contribui positivamente para a criação de uma incrível experiência do candidato.
Quando os candidatos não recebem nenhum tipo de retorno, seja qualquer devolutiva, tendem a não se candidatarem de novo para uma vaga na mesma empresa, além de poderem comunicar a outros profissionais para que não se candidatem em qualquer vaga que esta divulgue, o que dificulta a imagem corporativa da empresa.
Como estruturar uma boa entrevista devolutiva?
Agora que você sabe do que se trata uma entrevista devolutiva e todos os motivos que a tornam essencial, precisa saber como estruturá-la de forma assertiva. Isso requer a aplicação de determinados fatores por parte da equipe de RH, como sempre dizer a verdade e elogiar quando puder. Confira a fundo a seguir.
Priorize a verdade
Acima de tudo, os candidatos merecem ouvir a verdade. Eles merecem honestidade. Portanto, agir dessa maneira é melhor do que dizer que eles tiveram uma ótima performance durante o processo seletivo, quando, na verdade, tanto a empresa quanto eles sabem que não. Isso, é claro, deve ser dito de forma neutra, usando uma comunicação não violenta.
Foque em ajudar
A entrevista devolutiva é um jeito de fazer o candidato que não foi aprovado no processo seletivo saber que pode se desenvolver melhor profissionalmente e, no futuro, ser aprovado. Isso porque, a partir dela, a equipe de RH consegue destacar os pontos que o candidato pode melhorar, como comportamentos, autossegurança e comunicação.
Além disso, focar em ajudar também envolve que a empresa seja clara no feedback. Ela precisa dizer exatamente o que os candidatos podem melhorar. Caso esse feedback seja feito de forma respeitosa e empática, eles verão isso como uma forma de crescerem profissionalmente.
Faça elogios
É crucial não confundir esse ponto com fazer elogios não sinceros. Isso porque, além de o candidato poder se dar conta dessa falta de sinceridade, não é honesto esse tipo de atitude.
Se houver aspectos positivos que o candidato teve ao longo do processo seletivo, cite todos eles na entrevista devolutiva. Isso não só suaviza a situação, como faz o candidato sentir que ele tem, sim, pontos positivos e que precisa mantê-los.
Evite fazer comparações
Ao serem comunicados que não foram aprovados na seleção, os candidatos já sabem que outros estão mais preparados para a vaga. Por isso, fazer comparações dos que não foram aprovados com os que foram, quaisquer que sejam, não irá ajudar em nada. Na verdade, será prejudicial, pois afetará a autoestima dos não aprovados.
Jamais seja condescendente
Descobrir que todo o esforço e empenho investido nas etapas do recrutamento não foram o suficiente para conseguir a aprovação é desanimador. Isso fica ainda pior caso a equipe de RH for condescendente na entrevista devolutiva: soar arrogante quando der um retorno negativo. Evita-se isso usando linguagem neutra e enquadramento sempre positivo.
Não seja clichê
O RH também deve buscar ser criativo ao dar qualquer feedback em vez de recorrer a clichês como “Buscamos alguém com um conjunto de habilidades mais diverso”. Os clichês soam vazios, até sem sentido, o que não acontece caso a devolutiva da empresa seja exemplificada com falhas específicas que o candidato cometeu.
Conclusão
Divulgar uma vaga, realizar o processo de seleção corretamente e contratar novos colaboradores: todos esses fatores são primordiais. Entretanto, como abordado ao longo deste conteúdo, é necessário realizar a entrevista devolutiva.
Destacou-se, também, sobre a importância de a organização dar feedbacks para os candidatos que não foram aprovados, bem como de que forma ela deve fazer isso. Afinal, como o recrutamento envolve diversos aspectos, inclusive o envolvimento emocional dos candidatos, o retorno, sobretudo o negativo, deve ser feito com empatia e tom neutro.
Por fim, para que o RH consiga fazer uma entrevista devolutiva eficiente, deve adotar algumas práticas, como sempre dizer a verdade e evitar a condescendência e os clichês.
Gostou deste conteúdo? Confira outros artigos interessantes sobre Departamento Pessoal e recrutamento e seleção visitando o blog Pontotel.