Os indicadores financeiros são um fator importante para que a empresa tome decisões mais estratégicas. Entre eles, um dos mais importantes atualmente é o EBITDA, que revela qual o desempenho financeiro e operacional da organização.
O EBITDA é um referenciador para a tomada de decisões organizacionais, em relação a investimentos, fusões e aquisições, entre outros temas. Com o EBITDA, a empresa consegue saber qual sua capacidade de caixa e seu potencial de rentabilidade.
Mas, como usar corretamente esse indicador, como realizar o cálculo e quais suas vantagens e desvantagens? Esse conteúdo vai abordar os seguintes assuntos em torno do EBITDA:
- O que é EBITDA?
- Qual a diferença entre EBITDA e EBIT?
- Quais as vantagens do EBITDA?
- E as desvantagens?
- Como calcular o EBITDA?
- Quando utilizar o EBITDA?
- Ao que se atentar ao analisar o EBITDA?
Quer saber mais? Então, continue a leitura!
O que é EBITDA?
O EBITDA é um indicador financeiro que serve para avaliar a capacidade da empresa em relação a sua geração de valor no mercado. Seu principal objetivo é medir o desempenho operacional da organização, considerando suas atividades principais.
EBITDA é a abreviação de “Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization”. Em português, é conhecido como LAJIDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Esse indicador surgiu no mercado estadunidense na década de 1970, e sua função principal na época era justamente realizar uma verificação dos resultados que uma empresa obteve e do seu potencial de caixa, para que os gestores soubessem se ela seria próspera ou não.
Para que serve o EBITDA?
O EBITDA serve de base para que a empresa descubra o seu real valor de caixa e como anda sua operação. O EBITDA não considera as despesas não caixa — isto é, impostos, juros, depreciação e amortização.
Esse indicador serve também para mostrar aos investidores o desempenho operacional da organização em relação a sua capacidade de gerar caixa, ou seja, ele funciona como um indicador de lucros e potencial de rentabilidade da organização.
Além de funcionar como um indicador importante para investimentos, fusões e aquisições, o EBITDA atua também como indicador de desempenho da empresa e como uma métrica comparativa entre concorrentes.
Qual a diferença entre EBITDA e EBIT?
EBITDA e EBIT são métricas financeiras que, apesar de terem como função mostrar os resultados do desempenho operacional da empresa, possuem diferenças significativas, principalmente em relação ao cálculo de ambos.
Enquanto o EBIT subtrai as despesas operacionais da receita total, desconsiderando apenas os juros e os impostos sobre o lucro, o EBITDA é uma métrica mais abrangente, incluindo não só impostos e juros mas também a depreciação e a amortização.
Quais as vantagens do EBITDA?
O EBITDA é uma métrica financeira extremamente vantajosa para dar uma visão real da capacidade lucrativa da empresa e da mensuração de desempenho. Com isso, tanto a empresa como os investidores conseguem enxergar o potencial da organização.
Confira algumas das principais vantagens do EBITDA.
Facilita a mensuração da produtividade
Com a métrica EBITDA, a empresa consegue medir com maior clareza a sua produtividade. Afinal, esse indicador mostrará qual o desempenho da organização e sua evolução potencial sem considerar despesas não caixa.
Deixando esses valores de lado, ela pode analisar friamente seus lucros operacionais e sua eficiência a partir dos resultados advindos da gestão e produtividade da equipe. Essa mensuração é essencial para uma tomada de decisões mais assertiva e estratégica.
Melhora o acompanhamento de métricas
Outra vantagem importante do EBITDA é que ele garante uma melhora significativa no acompanhamento de métricas. Isso porque ele dá uma visão abrangente para os gestores quanto ao potencial de rentabilidade da organização.
Além disso, ele também abre margem para a análise de outras métricas, como indicador de desempenho, índice de rentabilidade, fluxo de caixa, indicadores de produtividade e outros.
O acompanhamento dessas métricas é um fator importante para que a empresa consiga mudar os rumos do negócio, acelerar suas atividades e até mesmo avaliar a possibilidade de realizar investimentos, fusões e vendas.
Avaliar empresas em crescimento
O EBITDA é um excelente indicador para avaliar empresas em fase de crescimento ou em dificuldades. Com essa métrica, o negócio tem uma visão mais clara das suas capacidades operacionais e do desempenho do seu caixa.
Ademais, a empresa pode identificar possíveis problemas a partir desses dados, que são de fácil compreensão. Essa facilidade auxilia inclusive na verificação e na interpretação dessas informações, seja por parte dos gestores, dos analistas ou dos investidores.
Comparativo empresarial
O EBITDA também é um indicador funcional no sentido de comparativo de mercado. Por meio dele, a empresa consegue comparar o desempenho de negócios concorrentes, dos mais variados setores e tamanhos, aos seus.
Essa avaliação de mercado pode mostrar a capacidade da empresa em gerar lucros operacionais em comparação a outras organizações, fazendo com que ela consiga, assim, avaliar suas eficiências, facilitando qualquer tomada de decisões.
Dá uma visão clara do negócio aos investidores
Por fim, um benefício no sentido mercadológico do EBITDA é que ele oferece maior segurança para a empresa em processos de reestruturação, fusões ou aquisições.
Ao excluir elementos não operacionais e financeiros, ele traz uma perspectiva de potencial de lucro da empresa, tornando-se uma métrica-chave para que gestores e possíveis investidores avaliem o valor da organização.
E quais as desvantagens?
O EBITDA, contudo, não possui apenas vantagens. Essa métrica também pode apresentar algumas desvantagens caso a empresa não leve em conta outros indicativos importantes em torno de suas despesas operacionais, lucros e despesas não caixa.
Fluxo de caixa incorreto
O EBITDA não mostra o fluxo de caixa real da empresa, em função de desconsiderar itens como amortização e depreciação. Como eles podem impactar diretamente os resultados da organização, não levá-los em conta pode atrapalhar a avaliação dos lucros futuros.
Visão distorcida da saúde financeira da empresa
Ao desconsiderar itens como juros, impostos, depreciação e amortização, a avaliação por meio da EBITDA pode não mostrar a real situação quanto à saúde financeira da empresa e ao seu possível desempenho ao longo do tempo.
Mascara problemas financeiros
A métrica EBITDA também pode mascarar problemas financeiros da empresa ao não considerar despesas não caixa. Com isso, os gestores podem não ter um conhecimento macro das vulnerabilidades da organização e das dificuldades financeiras que ela pode ter.
Ignora as variações em torno do capital de giro
Levando em conta apenas o desempenho operacional do caixa, o EBITDA acaba deixando de lado as variações importantes em torno do capital de giro. Essa falta de avaliação pode causar uma visão inadequada da liquidez da empresa.
Atrapalha na alocação de recursos
Por ignorar as despesas não caixa, o EBITDA pode trazer aos gestores uma dificuldade maior em relação à alocação de recursos e investimentos em geral. Afinal, será levado em conta apenas o desempenho do caixa, sem a depreciação e a amortização.
Como calcular o EBITDA?
O cálculo do EBITDA parte de um processo simples, mas que requer atenção da empresa, já que ela precisará levantar informações sobre seus ganhos, juros, impostos, depreciação e amortização.
O primeiro passo para saber como calcular margem EBITDA é descobrir o lucro operacional da organização. Para isso, o gestor precisa utilizar a seguinte fórmula:
- Lucro operacional = Receita total – Custos (despesas financeiras e operacionais)
O resultado desse cálculo servirá de base para o cálculo do EBITDA. A fórmula do EBITDA é a seguinte:
- EBITDA = Lucro operacional + Depreciações + Amortizações
Exemplo de cálculo
Vamos supor que uma empresa teve um lucro operacional líquido de R$ 50 mil, já com as despesas descontadas. Com despesas de depreciação em R$ 2 mil e amortização em R$ 1 mil, o EBITDA seria:
- EBITDA = Lucro operacional (50 mil) + Depreciações (2 mil) + Amortizações (1 mil)
- EBITDA = R$ 53 mil
Ajustes no EBITDA
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em 2022, realizou uma padronização do cálculo do EBITDA. Assim, toda e qualquer empresa tem um padrão a seguir nesse cálculo, evitando distorções e trazendo maior transparência no resultado.
Contudo, algumas organizações, em determinadas situações ou períodos, precisam fazer ajustes, deduções e inserções no cálculo do EBITDA, o que é permitido, contanto que o negócio sinalize essas alterações.
Nesse caso, a empresa precisa utilizar uma nomenclatura específica — “EBITDA ajustado” —, sinalizando a natureza do ajuste e também justificando o porquê dele.
Quando utilizar o EBITDA?
O EBITDA é bastante utilizado para melhorar o desempenho da empresa e a dinâmica operacional quanto às suas produções. Para isso, é importante conhecer os prazos que envolvem o negócio. São eles:
Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV)
O PMRV está relacionado ao tempo médio de conversão, em dias, das contas a receber em dinheiro no caixa. Quanto menor o tempo neste caso, maiores as chances de a empresa estar em uma boa situação financeira.
Prazo médio de pagamento de compras (PMPC)
Se o PMRV está ligado à conversão das contas a receber em dinheiro, o PMPC considera o prazo médio que a empresa leva para efetuar o pagamento das suas compras.
Nesse caso, quanto maior o tempo, melhor para a empresa gerenciar seus ganhos operacionais e o fluxo de caixa.
Lembrando que é muito importante a organização ficar atenta ao ciclo operacional do PMRV e do PMPC para que o prazo do PMRV não seja maior que o outro, uma vez que, assim, a empresa precisa ter sempre um capital de giro maior disponível para cobrir suas despesas.
Prazo médio de renovação de estoques (PMRE)
O PMRE, prazo médio de renovação de estoques, é um indicador importante quanto aos prazos, considerando as ações dos concorrentes. É esse indicador que sinaliza a importância do giro de estoques, apontando o que está parado e quando chegou a hora de mudar as mercadorias.
Ele é utilizado também nas indústrias, considerando o prazo médio de produção e estocagem. Quanto menor o tempo médio nesse caso, melhor para a empresa, que terá uma sinalização de que seus produtos estão sendo vendidos rapidamente.
Ao que se atentar ao analisar o EBITDA?
O EBITDA pode ser um importante indicador para as empresas que buscam analisar o seu desempenho e potencial no mercado. Contudo, para utilizá-lo corretamente, é importante se atentar a alguns pontos.
Primeiro é preciso reconhecer que o EBITDA é um excelente sinalizador da saúde financeira da empresa e da sua lucratividade operacional. Por isso, é importante se atentar a esses dados para fazer ajustes e correções nos processos organizacionais.
O segundo ponto importante para os gestores se atentarem na análise do EBITDA é em relação à variação deste indicador com o lucro líquido. Se a variação for muito contundente, é um sinal de que a empresa possui alta depreciação e amortização, impactando nos seus lucros.
O terceiro aspecto é analisar os dados do EBITDA e tentar verificar possíveis mudanças ou padrões que apontem o desempenho financeiro real da organização. Esses dados podem ajudá-la a ter uma visão clara do seu potencial de lucro no mercado.
Por fim, é necessário se atentar nas limitações do EBITDA. O ideal é que a empresa não considere apenas este indicador financeiro para a tomada de decisões, já que ele desconsidera custos de juros, impostos, depreciação e amortização.
Conclusão
Este conteúdo mostrou o que o EBITDA e as vantagens e desvantagens desse indicador financeiro, apontando que, se bem utilizado, ele pode ser extremamente benéfico para que a empresa consiga ter um controle maior do seu desempenho econômico.
Ter em mãos dados relacionados ao potencial de rentabilidade e à geração de caixa da organização impactam diretamente na tomada de decisões sobre investimentos, fusões e aquisições.
Contudo, como mencionado, também existem algumas desvantagens em torno do EBITDA, e é importante aliá-lo a outros indicadores para ter informações reais e concretas sobre a atual situação financeira da empresa e sua perspectiva futura.
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