Um dos temas mais desafiadores nas empresas é a discriminação no trabalho. O assunto, apesar de delicado, tem muita importância no mercado empresarial, e precisa de uma grande atenção das empresas em geral. 

Isso porque empresas que não se preocupam em criar políticas para se precaver contra atos discriminatórios podem manchar a própria imagem no mercado, podendo até sofrer com punições trabalhistas. 

Uma pesquisa realizada pela Kantar revelou que mais de 80% das pessoas já presenciaram ou vivenciaram algum tipo de discriminação no trabalho. Além disso, um em cada três desses profissionais tomou uma atitude e denunciou essa situação ao RH da empresa. 

Para evitar a discriminação no trabalho, é primordial que a empresa desenvolva ações internas que demonstrem intolerância quanto a esse tipo de situação no ambiente de trabalho. Porém, como se deve fazer isso? 

Este artigo trará a resposta para essa e outras perguntas, por meio dos seguintes assuntos: 

• O que é discriminação no trabalho?
• Quais os tipos de discriminação no trabalho?
• Como identificar discriminação no trabalho?
• O que fazer em casos de discriminação no trabalho?
• RH: como combater a discriminação no trabalho?

Boa leitura!

O que é discriminação no trabalho?

A discriminação no trabalho é um ato de preconceito de um profissional contra outro, com o objetivo de inferiorizá-lo ou ridicularizá-lo no ambiente de trabalho.

Essa prática discriminatória é originada por ideias preconceituosas sobre gênero, raça, idade, cor, deficiência, entre outras características. A Lei 9.029, sancionada em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, proíbe qualquer tipo de discriminação no trabalho:

“Art. 1º  É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros.”

Quais os tipos de discriminação no trabalho?

A discriminação no trabalho pode ser encontrada em diversas situações, a partir de comportamentos preconceituosos entre os funcionários. Conheça alguns dos exemplos de discriminação no trabalho a seguir.

Racial

A discriminação no trabalho de cunho racial está ligada a cor ou raça de determinado profissional. Cria-se uma visão preconceituosa de que pessoas negras, indígenas ou de outra etnia não têm a capacidade de exercer um bom trabalho.

De acordo com uma pesquisa do Indeed e o Instituto Guetto, mais de 60% dos trabalhadores negros afirmam já ter sofrido alguma discriminação no trabalho. 

Assim, nas empresas, essas pessoas acabam assumindo cargos menores e não têm perspectiva de crescimento. Além disso, são tratadas de maneira inferior e muitas vezes ridicularizadas, sofrendo com comentários racistas e preconceituosos.

Gênero

A discriminação no trabalho em função do gênero acontece quando a empresa ou algum colaborador distingue os profissionais em função do sexo.

Isso acontece, por exemplo, quando na empresa só homens assumem cargos de liderança, recebem salários maiores, mesmo exercendo o mesmo cargo que uma mulher, e são tratados de maneira diferenciada.

Uma pesquisa do IBGE reflete bem essa situação. Em 2019, as mulheres receberam 77,7% dos valores que os homens obtiveram como salário, mesmo em cargos idênticos.

A discriminação de gênero no trabalho acontece justamente quando há essa divisão preconceituosa, considerando que homens são superiores no cumprimento do trabalho. 

LGBTQIA+

A discriminação no trabalho também pode acontecer por preconceitos relacionados a orientação sexual ou de gênero do profissional. Isso acontece muito com a população LGBTQIA+.  

No ambiente de trabalho, esse preconceito acontece quando esses profissionais são tratados de forma discriminatória, com comentários pejorativos, que atingem sua moral, como forma de diminuí-los ou ridicularizá-los. 

Nesse sentido, uma pesquisa do Center For Talent Innovation mostrou que no Brasil 33% das empresas não contratariam um profissional LGBTQIA+ para cargos de liderança ou chefia. 

Ou seja,, nesse tipo de discriminação no trabalho, a população LGBTQIA+ não tem oportunidade de crescimento na empresa, assumindo sempre cargos menores e nunca os de liderança. 

Religioso

Existe também a discriminação no trabalho em relação a diferenças religiosas. Isso ocorre quando uma empresa não contrata um profissional em função de suas crenças ou não permite que ele evolua profissionalmente por este motivo. 

Além disso, em função da sua religião, o profissional acaba sendo ridicularizado e diminuído com comentários preconceituosos no ambiente de trabalho. 

A Constituição Federal diz que:

“VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”

Ou seja, é proibido qualquer tipo de distinção por cunho religioso no ambiente de trabalho, que discrimine um profissional por sua crença.

Como identificar discriminação no trabalho?

A discriminação no trabalho pode ser identificada por meio de uma série de ações ou atitudes que podem partir da empresa contra um funcionário ou de um profissional para com seu colega.

Algumas situações são características da discriminação do trabalho e podem ser facilmente reconhecidas pela empresa no seu dia a dia. São elas:.

• Falta de diversidade nas equipes; 
• Salários distintos em cargos idênticos, tendo como referência cor, raça ou sexo;
• Comentários com tons preconceituosos; 
• Funcionários que vivem isolados e que não interagem ou são convidados para eventos da empresa;
• Demissões motivadas não pelo desempenho profissional, mas, sim, por preconceitos;
• Criar situações de desvantagens para determinado colaborador; 
• Ridicularização por meio de apelidos preconceituosos que diminuam ou afetem a moral do colaborador.

O que fazer em casos de discriminação no trabalho?

A empresa é a grande responsável por manter um ambiente saudável, que preza pelo bem-estar dos funcionários. Com isso, ela é a primeira a ter que tomar uma atitude em casos de discriminação no trabalho.

Isso significa se manifestar em qualquer ato discriminatório de um colaborador contra outro e coibi-lo, seja aplicando uma advertência ou até demitindo por justa causa o profissional envolvido na discriminação do trabalho.

Também é importante que a empresa faça uma análise do tratamento que ela vem dando quanto à diversidade das equipes e o respeito às diferenças de sexo, cor, raça, gênero e outros. Afinal, só assim será possível dar exemplos positivos e criar ações para evitar a discriminação no trabalho.

RH: como combater a discriminação no trabalho?

Para combater a discriminação no trabalho, é muito importante que a empresa faça um mea-culpa e, com isso, realize uma análise minuciosa de quais ações pode desenvolver para combater qualquer ato discriminatório no trabalho. 

O RH, com sua função de prezar pelo bem-estar dos funcionários, têm um papel importante neste processo, criando e promovendo ações que contribuam para que a empresa se resguarde e desenvolva políticas voltadas ao respeito às diversidades. 

A seguir, confira algumas das ações que podem ajudar nesse combate contra a discriminação no ambiente de trabalho. 

Crie uma cultura intolerante a comportamentos nocivos

O primeiro passo para combater a discriminação no trabalho é criar uma cultura que não aceita preconceitos ou comportamentos nocivos que ridicularizem, diminuam ou prejudiquem um colaborador em função de diferenças de raça, gênero, cor, sexo e outros. 

Para que isso ocorra, a empresa precisa dar bons exemplos, o que significa criar uma cultura interna que preza pela diversidade das equipes, equiparação salarial e intolerância quanto a qualquer discriminação. 

Nesta política, ela pode inserir também quais as consequências para os funcionários que praticarem algum ato discriminatório, o que neste caso ajuda a todos estarem envolvidos e cientes da cultura da organização e das consequências de um ato de discriminação no trabalho.  

Crie políticas de inclusão

Como mencionado, a empresa precisa ser a primeira a dar o exemplo aos seus colaboradores quanto à intolerância referente à discriminação no trabalho. Por esse motivo, é importante que ela valorize a inclusão e crie políticas voltadas ao tema. 

Isso significa valorizar as diferenças, reconhecendo as individualidades de cada profissional  e oferecendo as mesmas oportunidades a todos eles, independentemente de suas escolhas pessoais. 

Esse conceito de inclusão precisa ser parte integrante da missão, visão e valores da empresa, ou seja, estar no DNA dela, para que, assim, esta seja uma vivência diária da organização, contribuindo para que todos os setores e gestores valorizem a diversidade. 

Promova diálogos sobre o assunto

A boa comunicação faz a diferença em todas as áreas, sobretudo no ambiente de trabalho. Assim, uma das ações que pode ajudar a empresa a combater a discriminação no trabalho é promover diálogos sobre o assunto. 

Esses diálogos podem ser viabilizados por meio de palestras, workshops e suporte aos gestores, para que estes consigam repassar aos seus liderados a intolerância quanto a discriminação e preconceito.

Nessa ação, é muito importante que a empresa mantenha sempre um diálogo aberto e respeitoso com todos os colaboradores, sem distinção entre eles. 

Além disso, ela deve sempre expor sua visão sobre o tema, deixando claro que não tolera preconceito ou discriminação e quem cometer qualquer ato discriminatório estará sujeito a punições. 

Conclusão

Ao longo deste conteúdo, foi possível verificar a importância que a diversidade e o respeito mútuo têm tanto nas relações profissionais como na boa imagem da empresa entre os funcionários, clientes e possíveis talentos do mercado.

Contudo, existem muitos desafios para combater a discriminação do trabalho, e as empresas precisam estar atentas para criar ações e políticas de inclusão que demonstrem intolerância diante de atos discriminatórios. 

Também foram mencionadas algumas ações que podem ajudar nesse combate, como a criação de políticas de inclusão e a promoção de diálogos sobre o tema, de modo a mostrar que o DNA da empresa preza pela diversidade e é contra qualquer tipo de preconceito.

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