O excesso do uso de certos dispositivos, levando a um esgotamento físico e emocional e afetando a saúde mental e física dos indivíduos, tem um nome: burnout digital. O burnout digital tem sintomas bem parecidos com a síndrome de burnout, sendo um subtipo dela.
No entanto, as estratégias de prevenção e gerenciamento do burnout digital podem ser diferentes das utilizadas no burnout tradicional, exigindo uma abordagem específica e adaptada ao uso da tecnologia, principalmente no ambiente de trabalho, onde pode ter consequências negativas.
Por isso, para entender melhor sobre este assunto e saber como manejar o problema quando ele acomete os funcionários de sua empresa, este texto abordará o tema por meio dos tópicos abaixo:
- O que é a síndrome de burnout?
- O que é burnout digital?
- Quais são as causas do burnout digital?
- Como identificar o burnout digital no trabalho?
- Quais as consequências do burnout digital no trabalho?
- Como o RH pode evitar o burnout digital?
Boa leitura!
O que é a síndrome de burnout?
O nome de síndrome de burnout é dado a um estado de exaustão extrema e esgotamento físico. Ele acomete profissionais que passam por momentos de sobrecarga de trabalho, trabalham sob fortes emoções ou têm atividades que possuem alta exigência emocional.
As palavras “burn out”, que compõem “burnout”, significam na língua inglesa, de acordo com o Cambridge Dictionary, algo que foi “queimado”, que sofreu uma pane ou parou de funcionar.
Os principais sintomas do burnout são: apatia, alterações de humor, irritabilidade, diminuição da produtividade, desânimo, baixa autoestima, sentimentos de desvalorização e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas.
Uma pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) diz que, no Brasil, a síndrome de burnout atinge cerca de 30% dos 100 milhões de trabalhadores no país, sendo uma importante causa de afastamento no trabalho.
A prova disso é que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a síndrome de burnout como uma condição relacionada ao trabalho, mas ainda não tem um Código Internacional de Doenças (CID) específico para ela.
O que é burnout digital?
Seguindo a mesma linha da exaustão sugerida pelo termo burnout, o burnout digital é o esgotamento causado pelo mundo digital. Ou seja, pela exposição às mídias e redes em âmbito virtual.
O burnout digital pode ocorrer com pessoas que lidam com tecnologia e plataformas sociais de forma intensa e constante. Essa condição se caracteriza pelo excesso de informações, distrações e demandas das tecnologias, que podem causar estresse crônico e levar a sintomas físicos e psicológicos negativos.
Os sintomas do burnout digital são bastante parecidos aos da síndrome de burnout. Entre eles, estão a sensação de sobrecarga, falta de concentração, ansiedade, depressão, insônia, isolamento social e problemas de saúde física, como dores de cabeça e problemas de visão.
O burnout digital acomete qualquer pessoa que se exponha demasiadamente às telas e às interações do mundo digital. Mas, principalmente, atinge profissionais que trabalham com tecnologia — como os de TI ou trading — ou com áreas que exigem uma grande quantidade de tempo em frente ao computador, como publicitários e profissionais de marketing digital.
Quais são as causas do burnout digital?
As causas do burnout digital estão ligadas, principalmente, ao tempo de exposição do profissional às telas. A luz azul, o brilho, o contraste, as letras e outros recursos audiovisuais podem causar cansaço extremo àqueles que trabalham muito tempo em frente a elas.
Além disso, o mundo digital acontece em uma velocidade muito maior que o “mundo real”. O fluxo de informações digitais é muito rápido, o que pode causar sobrecarga cognitiva, levando à exaustão mental e à dificuldade em se concentrar e realizar tarefas.
A pressão constante para estar sempre online e disponível também pode levar a uma sensação de exigência e falta de controle sobre a própria vida, além de causar dificuldade de se “desligar” e descansar de verdade.
O uso excessivo de tecnologias digitais pode levar ao isolamento social e à falta de conexão humana, já que o usuário tende a preferir interagir com as telas do que com as pessoas, podendo aumentar a sensação de solidão e agravar os sintomas do burnout digital.
Como identificar o burnout digital no trabalho?
No ambiente de trabalho, o burnout digital pode resultar em aversão às tarefas, falta de motivação e problemas relacionados à baixa produtividade. A seguir, serão explorados alguns sinais para identificar o burnout digital no trabalho:
Falta de energia
A falta de energia é um dos sintomas mais frequentes. O cansaço físico é aparente e a pessoa que está sofrendo com o burnout digital não tem vontade de realizar nenhuma atividade. Nas tarefas laborais, ela procura fazer o mínimo, sem muita proatividade.
Além disso, não há energia suficiente para participar de modo ativo de reuniões e grandes projetos. Por isso, o rendimento profissional daquele indivíduo acometido pelo burnout digital costuma ficar abaixo do ideal.
Déficit de atenção
Algumas pessoas adquirem problemas de concentração quando estão em frente às telas por muito tempo. Isso acontece porque o tempo prolongado de uso da tela pode afetar o desenvolvimento da parte do cérebro responsável por controlar a atenção e a concentração.
A exposição excessiva às telas também pode exacerbar os sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, afetando o sono e a saúde mental.
Distúrbios do sono
O uso excessivo das telas pode também afetar a qualidade do sono. Isso porque a luz azul emitida por elas pode suprimir a produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. Além disso, a rapidez com que as coisas acontecem no digital também afeta a percepção do tempo e, consequentemente, o sono, sendo mais difícil adormecer.
De acordo com uma pesquisa do Serviço Social da Indústria (SESI) em parceria com o Persono realizada com 4.174 trabalhadores de indústrias no Brasil, 79,7% dos entrevistados costumam levar o celular para a cama para checar notificações.
Essa prática faz com que esses trabalhadores tenham um sono mais curto, menos eficiente e de menor qualidade em comparação com aquelas que não usam esses dispositivos antes de dormir.
A exposição à luz azul antes de dormir pode desregular o relógio biológico interno, levando a um sono mais tardio. O conteúdo comumente apresentado também é estimulante e pode contribuir para uma maior excitação mental.
Irritabilidade e ansiedade
Os dispositivos eletrônicos também costumam causar irritabilidade e ansiedade constante. Não só pela luz emitida, que pode desregular algumas percepções, como também pelo conteúdo presente nas redes sociais.
Normalmente, não há muito controle sobre o que é exposto ao navegar pela internet ou pelas redes sociais. Assim, os conteúdos que podem aparecer neste contexto podem também causar oscilações de humor.
Quais as consequências do burnout digital no trabalho?
São inúmeras as consequências do burnout digital no trabalho. A redução da produtividade é uma delas, pois, quando um funcionário é acometido pelo burnout digital, ele pode ter dificuldade em se concentrar e se motivar para concluir tarefas.
A falta de criatividade também é bastante percebida quando há o burnout digital. O cansaço causado pela exposição excessiva às telas pode afetar a criatividade e a capacidade de inovar, podendo ser algo problemático em trabalhos que exigem solução de problemas e criatividade.
O trabalho em equipe também é comprometido. O burnout digital pode levar a um certo evitamento da interação, o que ocasiona o isolamento social e a diminuição da interação face a face com colegas de trabalho e clientes.
Como consequência, há o aumento do absenteísmo e das demissões, pois os funcionários podem precisar tirar mais dias de folga para lidar com os sintomas do burnout ou apresentarem baixa performance.
Como o RH pode evitar o burnout digital?
O departamento de RH pode evitar o burnout digital promovendo iniciativas que construam um ambiente equilibrado, sem dependência das telas. Deve-se encorajar pausas, reuniões presenciais e opções de trabalho mais flexíveis.
Cabe ao RH também estabelecer políticas claras e orientações sobre o uso de dispositivos eletrônicos durante o trabalho, incluindo limites de tempo e períodos de descanso.
O RH deve, ainda, monitorar e cuidar do bem-estar dos funcionários, identificando possíveis sinais de burnout digital, para que possa oferecer suporte e recursos aos funcionários que precisam de auxílio.
Assim, a identificação precoce dos sinais permite que os colaboradores possam evitar consequências mais graves e irreversíveis para os funcionários, além de problemas mais ligados à empresa, como absenteísmo e afastamentos que desfalquem equipes.
Conclusão
Neste artigo, foi possível entender que, além da síndrome de burnout, doença ocupacional bastante conhecida, há também o burnout digital, que acomete pessoas e profissionais expostos excessivamente às telas.
Ao longo do texto, foram elencados causas e sintomas deste esgotamento físico e mental tão presente nos dias de hoje, período em que as relações sociais e de trabalho acontecem de forma virtual e facilitada por dispositivos eletrônicos.
Por fim, foi possível entender quais são as consequências para o profissional que sofre de burnout digital e para a empresa. Também ficou clara a responsabilidade do departamento de RH em criar estratégias para evitar o burnout digital e para lidar com o problema quando ele existir.
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