Ser competitivo no mercado, para atrair e reter talentos, requer da empresa um olhar estratégico para agradar os funcionários. Neste cenário, uma série de possibilidades surgem como ferramentas motivacionais, como os benefícios monetários.
Benefícios monetários são aqueles que envolvem algum tipo de vantagem financeira para o colaborador. Eles devem respeitar as regras da legislação trabalhista, que define critérios, periodicidade e outros.
Mas como utilizar os benefícios monetários de forma estratégica, visando reter funcionários na empresa? Este artigo vai trazer a resposta para esse questionamento, mostrando as vantagens dos benefícios monetários, por meio dos seguintes tópicos:
- O que são benefícios monetários?
- Quais são os benefícios monetários?
- O que diz a legislação sobre benefícios monetários?
- Como funciona a tributação dos benefícios monetários?
- Quais as vantagens de oferecer benefícios em espécie?
- Como gerenciar os benefícios monetários?

Boa leitura!
O que são benefícios monetários?
Benefícios monetários são aqueles que envolvem valor, alguma vantagem financeira quantitativa, que seja possível mensurar. O objetivo principal desses benefícios é dispor de uma compensação financeira pelo trabalho executado pelo colaborador.
Entre os principais benefícios monetários estão: comissões, aposentadoria, etc. Essas gratificações financeiras visam criar um ambiente de trabalho justo, que compense o colaborador pelo trabalho.
Benefícios monetários vs. não monetários
O mercado de trabalho está em busca de equilíbrio, o que significa atrair e principalmente desenvolver estratégias para reter talentos na empresa. O caminho principal para encarar o desafio é oferecer benefícios monetários e não monetários.
Pesquisa realizada pelo site de empregos Indeed revelou que 48% dos colaboradores valorizam empresas que oferecem benefícios ligados ao bem-estar e à saúde mental.
Apesar desse importante dado, é importante conhecer a diferença entre os dois benefícios, sabendo principalmente que ambos precisam ter um caráter de agregar valor, seja financeiro ou na qualidade de vida do funcionário. Confira as diferenças entre eles.
Diferenças | Benefícios monetários | Benefícios não monetários |
O que são? | Vantagens financeiras, que envolvem dinheiro. | Não envolvem dinheiro diretamente e visam melhorar a qualidade de vida do funcionário. |
Quais são? | Bônus e comissões. | Horários flexíveis, plano de saúde, home office. |
Impacto | Agrega valor financeiro ao colaborador. | Impacta o bem-estar do funcionário, elevando sua motivação e engajamento. |
Sustentabilidade | Custoso à empresa e pode aumentar os gastos em curto, médio e longo prazo. | Mais acessível e sustentável, uma vez que não necessariamente envolve custos financeiros. |
Quais são os benefícios monetários?

Os benefícios monetários desempenham um papel importante na vida do funcionário. Eles funcionam como um atrativo motivacional por parte da empresa, agregando valor financeiro ao trabalho que o colaborador executa.
Veja, a seguir, quais os principais benefícios monetários.
Bônus, gratificações e comissões
Bônus, gratificações e comissões são benefícios monetários atrativos, que devem se basear na política de benefícios da empresa. É comum que esses benefícios estejam atrelados a critérios de elegibilidade, que muitas vezes levam em conta o desempenho individual ou coletivo.
Os bônus estão relacionados ao resultado de desempenho. As gratificações são um tipo de benefício que se oferece de acordo com a função exercida. Já as comissões são o percentual de um negócio fechado pelo empregador, como quando os corretores de imóveis recebem uma comissão pela venda.
Participação nos Lucros e Resultados
A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) não é incorporada no salário do colaborador. Ela é uma remuneração variável, que faz parte dos benefícios monetários.
A concessão desse benefício segue as regras da Lei 10.101/2000, que define as formas de acordo, critérios, periodicidade, entre outros detalhes:
§ 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros
Vales e benefícios complementares
Além dos benefícios monetários diretos e do salário que o colaborador recebe, as empresas também oferecem de maneira estratégica os benefícios complementares, que servem para torná-las mais competitivas no mercado de trabalho.
Esses benefícios e vales visam melhorar a relação entre empresa e colaborador no longo prazo, com uma compensação ao salário fixo que o funcionário recebe. São vistos como uma vantagem adicional para que o profissional consiga bancar, por exemplo, sua alimentação.
Os principais benefícios e vales são:
- Vale-alimentação;
- Vale-refeição;
- Auxílios complementares;
- Auxílio-creche;
- Auxílio-educação;
O que diz a legislação sobre benefícios monetários?
A legislação trabalhista estabelece uma série de regras em torno dos benefícios monetários. As regras servem de base para que a empresa saiba como oferecer esses benefícios sem erros. Confira o que diz a CLT.
Artigos 457 e 458 da CLT
Os artigos 457 e 458 da CLT são os que definem, para efeitos legais, o que se compreende por salário, de que forma ele é composto, e quais vantagens, como gratificações e comissões, integram-no. Diz o art. 457:
Art. 457 – Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§ 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador
Já o art. 458 cita alguns benefícios monetários indiretos, também conhecidos como salário utilidade, que é formado por gratificações extras pelo trabalho executado pelo colaborador, como vestuário, educação e assistência médica, como visto no inciso 2 do artigo:
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – previdência privada;
VIII – o valor correspondente ao vale-cultura
Decreto 10.854/2021
Publicado em novembro de 2021, o Decreto 10.854/2021 surgiu principalmente para simplificar as regras de fiscalização e as normas trabalhistas, como aquelas relacionadas a concessão de benefícios complementares — vale-alimentação, vale-refeição e vale-transporte.
Se algum benefício, como o vale-alimentação ou refeição, for pago em dinheiro, ele sofrerá com todos os encargos trabalhistas — INSS, FGTS e IRRF, como diz o art. 95 do Decreto.
Art. 95. No salário do empregado, além das hipóteses de determinação legal ou decisão judicial, somente poderão ser efetuados os seguintes descontos, calculados sobre o salário-mínimo:
III – valores de adiantamentos em dinheiro
Como funciona a tributação dos benefícios monetários?

Boa parte dos benefícios monetários sofre a incidência de tributos e encargos trabalhistas, principalmente por ser parte integrante do salário do funcionário. Saiba, a seguir, como funciona a tributação dos benefícios monetários.
Benefícios | INSS | FGTS | IRRF | Natureza salarial |
Bônus e gratificações | Incide | Incide | Incide | Sim |
Comissões | Incide | Incide | Incide | Sim |
Vale-alimentação (em dinheiro) | Incide | Incide | Incide | Sim |
Vale-refeição (em dinheiro) | Incide | Incide | Incide | Sim |
PLR | Não incide | Não incide | Segue a tabela PLR | Não |
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Quais as vantagens de oferecer benefícios em espécie?
Os benefícios em espécie servem como um fator motivacional para que o funcionário tenha um acréscimo de valor aos seus vencimentos. Eles agregam valor financeiro ao colaborador e demonstram uma valorização profissional por parte do empregador.
Entre as principais vantagens estão:
- Retenção de talentos: empresas que oferecem benefícios monetários são mais atrativas e têm maior facilidade para reter talentos;
- Aumento da produtividade: com valores financeiros agregados no salário, o colaborador se sente mais valorizado e sua produtividade aumenta;
- Melhora o clima organizacional: um ambiente de trabalho com benefícios melhora a relação trabalhista e consequentemente o clima organizacional;
- Possibilidade de dedução fiscal: alguns benefícios monetários, como participação nos lucros, reduzem a carga tributária da empresa.
Diz o CEO e cofundador da GoGood, Bruno Rodrigues:
Se eu pudesse transmitir uma mensagem para o RH, eu diria: conectem os benefícios do bem-estar corporativo à estratégia que a empresa já tem, em vez de tentar criar uma pauta nova. Muitas vezes, vejo o RH querendo fazer isso, mas é essencial alinhar essas iniciativas com os objetivos e valores já estabelecidos pela organização.
Como gerenciar os benefícios monetários?
A boa gestão dos benefícios monetários é fundamental para que eles tenham o impacto desejado na rotina empresarial. Entretanto, é essencial que a empresa conte com um planejamento prévio que foque suas necessidades principais.
Além disso, oferecer benefícios monetários exige conhecimento da legislação trabalhista e das possibilidades que a lei permite. Portanto, para gerenciar bem os benefícios monetários, a empresa precisa:
- Conhecer o perfil dos colaboradores e aplicar pesquisas sobre quais benefícios eles gostariam de ter;
- Definir um orçamento adequado a esses gastos;
- Construir uma política de benefícios clara;
- Adequar-se à legislação trabalhista;
- Analisar o mercado e conferir os benefícios oferecidos por outras empresas;
Conclusão
Ser competitivo no mercado passa principalmente por encontrar formas de motivar e engajar os funcionários no dia a dia da empresa. Uma das possibilidades nesse cenário é investir em benefícios monetários.
Como visto, os benefícios monetários podem agregar valor financeiro à vida dos funcionários, contribuindo para atrair e reter talentos. Contudo, o uso de alternativas de gestão de pessoas, como o oferecimento de benefícios monetários, deve seguir regras trabalhistas.
Afinal, todos os detalhes, sejam eles legais ou visando o bem-estar dos funcionários, devem fazer parte de um planejamento prévio da empresa para atingir os resultados esperados, partindo inclusive de uma identificação do orçamento e da política interna da empresa.
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