As empresas brasileiras são obrigadas, por força maior da lei, a gerar uma série de demonstrativos contábeis. Porém, a importância desses documentos vai além da conformidade legal, pois eles geram inúmeros benefícios financeiros e comerciais para as organizações. Um dos principais demonstrativos é o balanço patrimonial.
A negligência na criação desse documento pode levar uma empresa a sofrer com uma série de consequências negativas, que incluem desde a falta de credibilidade de investidores, credores e parceiros comerciais até penalizações legais aplicadas pelo poder público.
Para evitar essas consequências, é importante que principalmente os gestores e os membros do setor financeiro e contábil das empresas entendam como funciona o balanço patrimonial e qual é a sua importância real.
Confira, na lista a seguir, o que será explicado mais adiante neste artigo para esclarecer os principais pontos sobre o balanço patrimonial:
- O que é o balanço patrimonial?
- Como funciona o balanço patrimonial?
- Quais são os componentes principais do balanço patrimonial?
- Qual o objetivo do balanço patrimonial?
- Benefícios do balanço patrimonial
- Como organizar o balanço patrimonial?
Continue a leitura e descubra tudo sobre o balanço patrimonial!
O que é o balanço patrimonial?
O balanço patrimonial é um relatório que apresenta detalhes sobre a situação contábil e econômica de uma empresa em determinado período. Esse documento é elaborado a cada 12 meses (1 ano), mas também pode ser preparado em intervalos menores, caso a empresa necessite de dados atualizados da sua situação financeira com mais frequência.
A lei que torna obrigatória a elaboração do balanço patrimonial ano após ano é o artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro. Abaixo, veja o que diz o artigo na íntegra:
“O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.”
Muitas empresas optam por elaborar o balanço patrimonial numa frequência maior do que a definida na lei por um motivo simples: os dados atualizados do relatório permitem que proprietários e investidores entendam o valor de seus ativos e como eles são financiados.
Além disso, os credores usam o balanço patrimonial para determinar a capacidade da empresa de cumprir as suas obrigações financeiras, avaliando a proporção entre as despesas da organização e o retorno obtido com os investimentos.
Como funciona o balanço patrimonial?
Todo balanço patrimonial é composto por três informações principais: ativos, passivos e patrimônio líquido. Esses componentes devem ser organizados em fórmula básica para calcular os valores presentes no documento:
- Ativo = passivo + patrimônio líquido.
A estrutura do balanço patrimonial pode ser visualizada no exemplo abaixo:
Balanço patrimonial | |
AtivosBens + recebimentos | PassivosObrigações com terceiros |
Patrimônio líquidoativos – passivos | |
Total de ativos: R$ XXXXX | Total de passivos: R$ XXXXX |
O princípio do balanço patrimonial é demonstrar que o valor dos ativos é igual à soma dos passivos e do patrimônio líquido, garantindo que o balanço patrimonial esteja equilibrado. Por exemplo, se uma empresa possui R$500 mil em ativos e R$350 mil em passivos, o valor do patrimônio líquido deve ser de R$150 mil.
Esse equilíbrio contábil ajuda a empresa a manter suas obrigações financeiras e a planejar seu crescimento de maneira segura e sustentável.
Quais são os componentes principais do balanço patrimonial?
Os três componentes principais do balanço patrimonial (ativos, passivos e patrimônio líquido) ajudam a representar os recursos, as obrigações e o valor dos investimentos dos acionistas da empresa. Entenda, a seguir, o que está envolvido em cada um deles:
Ativo
O ativo representa todos os recursos e bens que a empresa possui. Ele é subdividido em ativo circulante e ativo não circulante. O ativo circulante inclui dinheiro em caixa, contas a receber e estoques, que podem ser convertidos em dinheiro no curto prazo. Já o ativo não circulante engloba ativos de longo prazo, como propriedades, máquinas e investimentos.
Passivo
O passivo é a segunda parte do balanço patrimonial e representa as obrigações financeiras da empresa. Também é dividido em duas categorias (passivo circulante e passivo não circulante).
O passivo circulante compreende dívidas e obrigações que devem ser quitadas a curto prazo, como empréstimos e contas a pagar. O passivo não circulante inclui dívidas de longo prazo e outras obrigações que não precisam ser pagas imediatamente;
Patrimônio líquido
O patrimônio líquido é a diferença entre os ativos e passivos. Representa a participação dos proprietários na empresa e inclui o capital social, os lucros retidos e outros investimentos dos acionistas. É uma medida do valor líquido da empresa e é frequentemente usado como indicador de sua solidez financeira.
Esses três componentes trabalham juntos para manter o equilíbrio contábil do balanço patrimonial e direcionar as decisões da empresa.
Qual o objetivo do balanço patrimonial?
O balanço patrimonial é muito mais do que um documento burocrático que as empresas são obrigadas a gerar. O relatório ajuda todas as partes interessadas da empresa a obter um panorama preciso da situação financeira do negócio e, a partir disso, embasar a tomada de decisões. A seguir, entenda mais sobre os principais objetivos com o balanço.
Avaliação da saúde financeira da empresa
O balanço patrimonial fornece informações detalhadas para acionistas, investidores, credores e reguladores. Ele é a fonte mais transparente para avaliar a solidez financeira, a capacidade de pagamento e a eficiência operacional de uma empresa.
Por exemplo, se o balanço mostra que a empresa tem um grande valor de ativos em relação aos passivos e um patrimônio líquido sólido, significa que ela tem uma boa saúde financeira, pois seus ativos superam as obrigações financeiras.
Tomada de decisões estratégica
Considere o exemplo de que a alta administração da sua empresa está considerando uma expansão das operações. Mas, para avaliar se isso é viável, os gestores examinam o balanço patrimonial e determinam se a empresa tem dinheiro suficiente para a expansão.
Caso o balanço demonstre que a empresa possui ativos suficientes, patrimônio líquido forte e passivos gerenciáveis, significa que ela tem uma base financeira sólida e está em uma posição favorável para financiar a expansão. É comum que os gestores utilizem o balanço como uma ferramenta para direcionar essa e outras estratégias de negócio.
Benefícios do balanço patrimonial
Além de ser uma representação precisa dos ativos e passivos, o balanço patrimonial oferece uma série de vantagens que podem impulsionar a saúde financeira e os rumos de uma empresa. Confira, logo abaixo, mais sobre os benefícios desse relatório.
Atratividade de investidores externos
Investidores externos, sejam eles acionistas, credores ou potenciais investidores, usam frequentemente o balanço patrimonial e outros demonstrativos contábeis como indicadores-chave para avaliar a atratividade de uma empresa.
Duas empresas podem apresentar o mesmo valor de mercado, mas, ao examinar seus balanços patrimoniais, um investidor pode descobrir que uma delas tem menos dívidas e mais ativos líquidos que a outra.
Com essas informações, há uma grande chance de o investidor optar por financiar a empresa com uma situação financeira mais favorável, por considerá-la mais capaz de gerar um retorno sobre o investimento positivo.
Transparência e credibilidade
Quando uma empresa apresenta seu balanço patrimonial, ela está sinalizando para credores a sua disposição de compartilhar informações financeiras sensíveis. Essa transparência é particularmente importante em um mundo de negócios em que a confiança é uma peça-chave nas relações comerciais.
Aumento da saúde financeira
O balanço também auxilia os gestores de uma empresa no monitoramento contínuo de sua saúde financeira e na identificação de áreas que podem precisar de melhorias. Só a comparação dos ativos e passivos já pode revelar se a empresa possui excesso de dívidas ou se está sentindo pressões financeiras.
Identificando essas questões, os gestores e a equipe financeira da empresa podem planejar medidas para manter o equilíbrio das contas.
Como organizar o balanço patrimonial?
As informações necessárias para o relatório geralmente estão facilmente disponíveis, e os cálculos envolvidos não são excessivamente complexos, mas a experiência e o olhar técnico de um contador podem ser cruciais para evitar erros. Por isso, vale a pena contar com o auxílio de um especialista para organizar o balanço patrimonial.
Normalmente, o processo de organização do balanço patrimonial pode ser resumido em três etapas: coleta de dados, classificação de ativos/passivos e realização dos cálculos. A seguir, veja como é feita cada etapa.
Coleta de dados financeiros
Na primeira etapa, é necessário reunir todas as informações que representam a posição financeira da empresa no momento. Os principais documentos e fontes de dados incluem: extratos bancários, registros contábeis, demonstrações financeiras anteriores e quaisquer outras fontes relevantes.
Classificação de ativos e passivos
Uma vez que os principais dados financeiros foram reunidos, a distinção entre ativos e passivos é o próximo passo para a correta representação da situação financeira da empresa no balanço. Lembre-se: ativos são os recursos e bens da empresa, enquanto os passivos representam suas obrigações financeiras.
Realização dos cálculos
A última etapa é calcular os componentes do balanço patrimonial para saber se a empresa teve prejuízo ou lucro ao final do ano fiscal analisado. Suponha que o contador de uma empresa está preparando o balanço e, após coletar os dados financeiros, ele classificou os ativos e passivos da seguinte forma:
Ativos:
- Ativo circulante: R$300.000 (caixa de R$50.000; contas a receber de R$150.000 e estoque de R$ 100.000);
- Ativo não circulante: R$200.000 (propriedades de R$150.000 e máquinas de R$ 50.000).
Passivos:
- Passivo circulante: R$ 100.000 (empréstimos de curto prazo de R$ 40.000 e contas a pagar de R$ 60.000);
- Passivo não circulante: R$150.000 (empréstimos de longo prazo de R$100.000 e obrigações de arrendamento a longo prazo de R$50.000).
Assim, para garantir que o balanço esteja equilibrado, o contador usou a fórmula:
- Ativo = passivo + patrimônio líquido.
Nesse caso, o valor total dos ativos é a soma do ativo circulante e do ativo não circulante, ou seja, R$300.000 + R$200.000 = R$500.000.
Já o valor total dos passivos é a soma do passivo circulante e do passivo não circulante, ou seja, R$100.000 + R$150.000 = R$250.000. Agora, para encontrar o patrimônio líquido, basta subtrair o total de passivos do total de ativos:
- Patrimônio líquido = ativo – passivo;
- Patrimônio líquido = R$500.000 – R$250.000 = R$250.000.
O resultado demonstra que o valor dos ativos é igual à soma dos passivos e do patrimônio líquido. Portanto, é possível afirmar que esse balanço patrimonial está equilibrado.
Conclusão
As vantagens do balanço patrimonial demonstram que esse relatório não é apenas um requisito legal, mas um alicerce para a gestão financeira da empresa. Ignorar a criação desse documento pode resultar em consequências severas.
A falta de informações críticas para a tomada de decisões e a perda de credibilidade no mercado são perigos reais que as empresas devem evitar a todo custo. Portanto, vale a pena contar com o auxílio de um contador especializado para a criação desse documento.
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