Os riscos ergonômicos são decorrentes da inadequação das condições de trabalho às características físicas e cognitivas dos colaboradores, representando uma das principais preocupações relacionadas à Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Para identificar esses riscos, as empresas são obrigadas a realizar um estudo conhecido como AET.
Esse processo não é apenas uma medida preventiva, mas sim um investimento estratégico que busca garantir a integridade física e mental dos colaboradores. Ignorar a importância da AET pode expor os trabalhadores de uma empresa a riscos desnecessários, afetando diretamente a sua qualidade de vida, bem-estar e desempenho.
Este artigo vai explorar a importância de investir na AET, destacando os riscos inerentes à falta de cuidado com a saúde e segurança dos colaboradores, bem como os elementos essenciais que devem ser considerados nesse processo. Antes de continuar com a leitura, confira um breve resumo do artigo adiante:
- O que é a AET?
- Em qual norma a AET está baseada?
- Quando realizar a AET?
- O que deve constar na AET?
- Quais os benefícios da Análise Ergonômica do Trabalho?
- Como elaborar a Análise Ergonômica do Trabalho?
- Para quais empresas se aplica a AET?
- Qual o prazo da AET?
Descubra tudo sobre a AET e como implementá-la!
O que é a AET?
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um estudo realizado para avaliar as condições ergonômicas presentes no ambiente de trabalho e analisar como elas promovem a saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores. O objetivo é identificar os fatores de risco ergonômico e propor medidas corretivas e preventivas para mitigar esses riscos.
O processo envolve a coleta de dados detalhados sobre as tarefas executadas na empresa, os equipamentos utilizados, as características do ambiente de trabalho e as interações entre o trabalhador e seu contexto laboral. O resultado da AET é a produção de um documento no qual consta uma análise global da situação ergonômica dentro da empresa.
O estudo é conduzido por profissionais de saúde, como médicos do trabalho e profissionais especializados em ergonomia. Os responsáveis devem aplicar técnicas específicas para avaliar os diferentes aspectos relacionados às atividades laborais.
Em qual norma a AET está baseada?
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) está prevista no texto da Norma Regulamentadora NR-17. A norma tem como objetivo garantir a conformidade do empregador em relação a práticas e regras que visam adequar o trabalho às necessidades físicas e mentais dos trabalhadores, tornando-o seguro e saudável.
De acordo com a NR-17, a Análise Ergonômica do Trabalho é um procedimento obrigatório, junto ao Laudo Ergonômico. A norma também estabelece que a AET deve ser mantida atualizada, conhecida pelos colaboradores da empresa, utilizada em treinamentos e empregada na implantação de ações preventivas.
Quando realizar a AET?
A NR-17, em seu item 17.3.2, estabelece critérios que determinam quando uma empresa deve realizar a AET. Segundo a norma, deve-se considerar a necessidade do estudo, os problemas relacionados à ergonomia, as sugestões do acompanhamento de saúde dos colaboradores e os riscos de acidentes e doenças para a saúde dos trabalhadores.
Veja, abaixo, a transcrição completa do item 17.3.2, da NR-17:
“A organização deve realizar Análise Ergonômica do Trabalho – AET da situação de trabalho quando:
a) observada a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação;
b) identificadas inadequações ou insuficiência das ações adotadas;
c) sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO e da alínea “c” do subitem 1.5.5.1.1 da NR 01; ou
d) indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento de Riscos –”
A NR-17 também indica que a revisão da identificação dos perigos e da avaliação dos riscos no local de trabalho, feita durante a AET, pode ser usada no relatório do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), outra exigência legal relacionada à saúde ocupacional.
O que deve constar na AET?
Os dados que devem estar previstos na AET estão listados no item 17.3.2 do texto da NR-17. De acordo com a norma, o relatório deve apontar elementos relacionados ao transporte e movimentação de materiais, ao mobiliário, equipamentos e máquinas utilizados, às condições do ambiente de trabalho e à organização das atividades laborais.
A análise ergonômica também deve incluir:
- Análise dos procedimentos adotados na realização das tarefas;
- Análise dos móveis e equipamentos usados pelos colaboradores;
- Análise das condições ambientais nos locais de trabalho.
Por fim, o estudo deve prever a implementação de ações de controle e a avaliação de sua efetividade após a implantação, além de programas de treinamento para aprimoramento das condições ergonômicas.
Quais os benefícios da Análise Ergonômica do Trabalho?
A Análise Ergonômica do Trabalho é um mecanismo de garantia da saúde e segurança dos trabalhadores. Por meio de uma abordagem criteriosa, os responsáveis pelo estudo buscam identificar e corrigir potenciais riscos ergonômicos no ambiente de trabalho.
Essa análise minuciosa traz consigo uma série de benefícios, que vão desde a melhoria das condições laborais até o aumento da produtividade e satisfação dos colaboradores. Entenda, em mais detalhes, o que uma empresa tem a ganhar com a AET.
Melhoria da saúde e segurança dos trabalhadores
Ao identificar e corrigir os riscos ergonômicos presentes no ambiente laboral, é possível reduzir a incidência de lesões musculoesqueléticas, fadiga, estresse e outros problemas de saúde relacionados ao trabalho. Essa abordagem proativa protege os colaboradores de possíveis danos e promove sua saúde em longo prazo.
Aumento da produtividade
O estudo não serve apenas para identificar inadequações no ambiente de trabalho. A AET também busca indicar oportunidades de melhoria que possam otimizar a segurança e o desempenho dos trabalhadores. Isso significa que é possível traçar um plano de ação para melhorar a produtividade e a saúde do trabalho a partir dos dados descritos no documento.
Redução do absenteísmo e da rotatividade de pessoal
Trabalhadores saudáveis e satisfeitos tendem a faltar menos e permanecerem mais tempo na empresa. Por isso, ao investir em melhorias ergonômicas, as organizações incentivam a permanência do profissional e o seu comprometimento com a rotina de trabalho.
Maior satisfação e bem-estar dos trabalhadores
A atenção à ergonomia contribui para uma maior produtividade e eficiência nos processos de trabalho. Afinal, compreender as necessidades físicas e mentais dos colaboradores é o primeiro passo para proporcionar-lhes um ambiente de trabalho mais confortável e seguro.
Economia de custos
Custos associados a afastamentos, tratamentos médicos, indenizações trabalhistas e até processos judiciais são comuns quando não há uma abordagem preventiva com a saúde ocupacional. Ao realizar a AET, por outro lado, uma empresa tem a garantia de que deu o primeiro passo para reduzir a ocorrência de eventos que comprometem o seu orçamento.
Conformidade com a legislação
A AET é um procedimento obrigatório, o que significa que sua não realização pode acarretar consequências legais e regulatórias para a organização, como multas e sanções aplicadas pelos órgãos fiscalizadores.
A ausência do documento também expõe a empresa a processos judiciais por parte dos trabalhadores, que podem alegar condições inadequadas de trabalho e buscar indenizações.
Como elaborar a Análise Ergonômica do Trabalho?
Confira as etapas de implementação da AET e descubra como pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença no local de trabalho.
Identificação e caracterização das atividades laborais
O primeiro passo é compreender as tarefas executadas, os equipamentos utilizados, os movimentos realizados e as posturas adotadas em cada uma das funções dos trabalhadores. É necessário registrar informações detalhadas sobre cada atividade para obter uma visão completa do ambiente de trabalho.
Avaliação dos riscos ergonômicos e identificação de problemas
Após a identificação das atividades, é importante avaliar os fatores que causam desconforto, estresse físico ou mental, fadiga, lesões musculoesqueléticas e outros problemas relacionados à ergonomia. A observação direta, as entrevistas com os trabalhadores e a utilização de ferramentas de medição são empregadas nesta etapa.
Proposição de medidas corretivas e preventivas
Com base na identificação dos problemas ergonômicos, é necessário propor medidas corretivas e preventivas para a eliminação ou redução dos riscos. É importante considerar soluções que sejam viáveis e personalizadas, ou seja, medidas que considerem as características específicas de cada atividade laboral.
Implementação das medidas corretivas e preventivas
Uma vez que as medidas corretivas e preventivas tenham sido definidas, é hora de implementá-las. É uma etapa que depende da adaptação de equipamentos, da adoção de práticas mais seguras e ergonômicas, entre outras ações. É preciso garantir que todas as alterações sejam comunicadas aos trabalhadores.
Monitoramento e acompanhamento dos resultados
A etapa final, após a implementação das medidas de ação, inclui observações, medições, coleta de feedbacks dos trabalhadores e análise de indicadores de saúde e segurança. Com base nesse acompanhamento, ajustes adicionais podem ser feitos, se necessário.
Para quais empresas se aplica a AET?
A realização da Análise Ergonômica do Trabalho é uma exigência imposta a todas as empresas que envolvem seus colaboradores em atividades laborais manuais e físicas com potenciais riscos ergonômicos de lesões, acidentes e problemas musculares.
No caso das categorias empresariais MEI (Microempreendedor Individual), ME (Microempresa) e EPP (Empresa de Pequeno Porte), existem algumas particularidades relacionadas à obrigatoriedade da AET, que estão definidas nos itens 17.3.4 e 17.3.4.1 da NR-17. Confira, a seguir, uma descrição desses itens:
“17.3.4 As Microempresas – ME e Empresas de Pequeno Porte – EPP enquadradas como graus de risco 1 e 2 e o Microempreendedor Individual – MEI não são obrigados a elaborar a AET, mas devem atender todos os demais requisitos estabelecidos nesta NR, quando aplicáveis.
17.3.4.1 As ME ou EPP enquadradas como graus de risco 1 e 2 devem realizar a AET quando observadas as situações previstas nas alíneas “c” e “d” do item 17.3.2.”
Os graus de riscos 1 e 2 referem-se às atividades laborais que apresentam um risco baixo (1) e moderado (2) à saúde, segurança e bem-estar do trabalhador.
Qual o prazo da AET?
De acordo com a NR-17, mais especificamente em seu item 17.3.7, a Análise Ergonômica do Trabalho é um documento que deve ser mantido e disponibilizado na empresa por um período de 20 anos.
Essa determinação estabelece que a AET, uma vez elaborada, precisa ser arquivada e mantida na empresa por esse prazo considerável. Isso garante que o documento esteja acessível para consultas, auditorias e referências futuras, assegurando a conformidade com as normas de ergonomia e a preservação do histórico das análises realizadas.
Conclusão
A realização da AET, como foi visto neste artigo, não apenas atende às exigências legais previstas na NR-17, como também gera benefícios tanto para os trabalhadores quanto para a própria empresa.
Ao elaborar o relatório da AET, é possível mapear as atividades laborais, avaliar os riscos ergonômicos e propor medidas corretivas e preventivas adequadas para promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
No entanto, é importante saber que a AET é só mais uma das obrigações relacionadas à Saúde e Segurança do Trabalho. Por essa razão, aproveite para conferir os materiais mais recentes no blog Pontotel e se manter em dia com as novidades.